quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A importância da proairesis


     Aristóteles dividiu as virtudes em éticas (agir corretamente) e dianoéticas (deliberar corretamente). As virtudes dianoéticas têm a ver com as escolhas acertadas. No nosso dia-a-dia fazemos inúmeras escolhas, algumas não têm impacto ético, mas outras podem ter. Além de fazermos escolhas devemos ter a firmeza para tentar cumprir com aquilo que elas se propõem. Escolher acertadamente, na língua grega, chama-se proairésis.
       Segundo Armendane (2010), Aristóteles considerava que a ação está diretamente relacionada com o desejo (órexis), com o querer e com a vontade (boúlesis) humana. O desejo humano consiste no ansiar por um fim previamente estabelecido: a felicidade (eudaimonia). De acordo com Aristóteles, um ato só é voluntário quando quem o pratica conhece todas as circunstâncias particulares inerentes à sua ação.
       Aquele que confiar na parte racional da decisão deve preparar-se para uma atitude intelectual, denominada phrônesis, que significa prudência. A phrônesis era, de acordo com Aristóteles, a primeira virtude dianoética, a qual trata de estabelecer a medida razoável entre os extremos, para que o ser humano possa agir em conformidade com a reta razão. Ela representa a ética suprema por excelência e indica a habilidade do homem sábio de deliberar bem sobre o que é bom e conveniente para si mesmo, não apenas em relação a um aspecto particular, mas, sobretudo, acerca das coisas que nos levam a viver bem por toda a vida. Para Aristóteles, o homem prudente se constitui no modelo de realização concreta do bem.
      Analisando a contribuição dessas ideias de Aristóteles para os dias de hoje, percebemos que todos os dias, à quase todo momento, fazemos escolhas. Algumas são aparentemente simples, como dirigir após ingerir bebida alcoólica; divertir-se ao lado de pessoas que desconhecem limites (estar no lugar errado, na hora errada e com pessoas erradas); acobertar colegas que cometem pequenos delitos sendo conivente com os mesmos; não devolver, ou nem tentar devolver, objetos encontrados; não arcar com suas despesas quando isso é possível; deixar dívidas vencidas e usar o dinheiro para outra finalidade; vender o voto; ignorar ajuda quando está ao nosso alcance; não assumir a responsabilidade por atos falhos; etc. É claro que também existem escolhas mais complexas e prejudiciais, as quais não acreditamos que sejam inerentes ao caráter de nossos acadêmicos. São escolhas feitas deliberadamente com o propósito de causar o mal aos outros.
       Todas as nossas escolhas poderão ter impacto sobre a nossa vida, permitindo-nos aproximação ou afastamento da felicidade. Existem escolhas irremediáveis que trazem consequências irreparáveis e aniquilam completamente a felicidade dos seus agentes e que, portanto, tanto quanto possível, devem ser evitadas.

Bibliografia
ARMENDANE, Geraldo das Dores de. A Teoria da Ação de Aristóteles e a Noção Gramatical de Vontade no Segundo Wittgenstein. In: Cadernos UFS Filosofia. Ano 6. Fasc. XII, Vol. 8, agosto a dezembro de 2010, pp. 75-83.

8 comentários:

Anônimo disse...

muito bom.

Unknown disse...

Gostei muito

Unknown disse...

Adorei

Anônimo disse...

Uma merda

Unknown disse...

gostei muito

Dos Anjos disse...

Material muito bom!

Unknown disse...

interessante.

Unknown disse...

A vida é feita de escolhas ..que impacta diretamente em nossas vidas ...temos que ser sábios ao fazer as escolhas para que não teflita negativamente e sim posotivamente em nossas vidas ...