segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Platão, Aristóteles, Kant e os frankfurtianos

PLATÃO
O Mundo de Platão
Opinião da realidade: predominância das impressões ou sensações originadas nos sentidos.
Esfera racional da sabedoria e mundo das idéias: conhecimento autêntico.
Para atingí-lo: a filosofia
DIALÉTICA: contraposição de uma opinião com a crítica que dela fazemos.
Afirmação de uma TESE seguida de discussão e negação desta TESE, purificando erros e equívocos.
O MITO DA CAVERNA
• O mito da caverna: alegoria (exposição do pensamento sob forma figurada) sobre a concepção platônica da educação da alma.
• Compreendendo o mito:
• Os prisioneiros da caverna tomam as sombras das estatuetas transportadas como se fosse a única realidade
• Quando um deles é libertado sente dificuldade e dor para distinguir os objetos das suas sombras que via anteriormente
• Ao ser arrancado à força da caverna ficará inicialmente ofuscado pela luz; aos poucos se habituará a ver os objetos da região superior e então será capaz de distinguir:
• Sombras
• Imagens de homens e estatuetas refletidas na parede
• Os próprios objetos
• Finalmente poderá contemplar o próprio sol, a causa de tudo no mundo visível.
• O prisioneiro liberto se alegrará com o que agora vê e lamentará os que permanecem prisioneiros
• A interpretação platônica do mito:
• O que é a caverna? O mundo em que vivemos.
• Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.
• Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo.
• O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.
• O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade.
Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética.
O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia.
Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.
Aristóteles (384-362)

 Macedônio de Estagira, também conhecido como “O Estagirita”.
 Difere de Platão por ser mais racional (Platão é mais místico, religioso; e Aristóteles, mais cientista; Platão é idealista, Aristóteles é realista).
 Platão escreve diálogos, Aristóteles tratados.
 Fundou o Liceu (Escola Peripatética).
 A realidade platônica é dualista, a aristotélica é una.
 Se a realidade é una como explicar a mudança? Pela passagem da potência ao ato (teoria aristotélica do conhecimento).
 Como se dá tal passagem? Por quatro causas: material, formal, eficiente e final.
 Principais obras: Ética à Nicômaco (Ética), Organon (Lógica), Metafísica, Política, De anima (psicologia).
 Tudo o que vive pode ter uma (as plantas: a vegetativa), duas (os animais: vegetativa e sensitiva) ou três almas (o homem: vegetativa, sensitiva e intelectiva).
 Aristóteles define o homem como “animal racional” e “animal político”. O telos da política é possibilitar a “vida boa”.
 Política (viver bem em coletividade) não se desvincula de ética (viver bem consigo próprio).
 A sua ética é eudaimonista (busca a felicidade = eudaimonia).
 A razão da vida humana (telos) deve ser a busca da felicidade. A coisa mais doce é alcançar aquilo que amamos.
 “A felicidade é a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo” (EN, 1099a20).
 Felicidade é a atividade da alma em consonância com a melhor e mais completa virtude, durante toda a vida (EN, 1098a15).
 Virtude é a justa medida entre dois extremos: o excesso e a falta, pois ambos são vícios.
 Teleologia aristotélica (telos: finalidade) – tudo no universo (físico ou mental) tem uma razão de ser, uma finalidade.
 Considera absurda a idéia de que a alma sobrevive à morte do corpo, pois o homem é substancialmente corpo (matéria) e alma (forma) e não acidentalmente.
 O ser humano almeja bem estar e isto só se obtém vivendo virtuosamente.
 Tem obras sobre lógica (6), metafísica (14), física (29), ética (19), política (8), poética (1) e retórica (1).
Immanuel kant, nasceu em Konigsberg – Prússia, em 1724 e nunca saiu de sua cidade, nela morreu em 1804. Tem contribuições nas diversas áreas da filosofia, sobretudo em epistemologia e ética.
 Teoria do conhecimento: não podemos conhecer o noúmeno (coisa-em-si), apenas o fenômeno (como a coisa-em-si se mostra, se apresenta).
 Diz que as teorias científicas têm por base os juízos sintéticos à priori (uma experiência bem feita é suficiente para se emitir um enunciado científico).
 Ele une racionalismo e empirismo.
 Para conhecer precisamos dos sentidos, mas também do intelecto: os sentidos captam o objeto e a mente ordena.
 O conhecimento não está apenas no sujeito (racionalismo), ou no objeto (empirismo), mas nos dois: o sujeito dá a forma, o objeto dá a matéria.
 Espaço, tempo (condições a priori), substância e causalidade são condições necessárias para que o conhecimento do mundo fenomênico ocorra.
 O mundo numênico pode não estar sujeito a estas condições, por isso não podemos conhecê-lo (Deus, imortalidade da alma, limites do universo).
 Na ética kantiana só quem delibera racionalmente é livre e o ato só pode ser classificado como moral se for livre e autônomo.
 Nossos deveres não devem ser impostos, mas devemos descobri-los por nós mesmos, mediante o uso da razão.
 A razão é um elemento universal e por isto todo ser racional deve, cônscio de seu dever, agir por dever, não contra o dever e nem conforme o dever (ética deontológica).
 O dever é uma exigência incondicional (categórica), é a nossa obrigação.
 Imperativo categórico (1) age de tal modo que o móbil de tua ação possa se converter, por tua vontade, em lei universal; (2) jamais trate o outro, ou você mesmo, como um meio, mas sempre como um fim em si mesmo.
Escola de Frankfurt – Teoria Crítica
• Histórico
1923 – Abertura do Instituto de Pesquisa Social, por Félix Weil, filiado à Universidade de Frankfurt.
1930 - Max Horkheimer assume a direção do Instituto.
1933 – O Instituto (Escola de Frankfurt) é fechado pelo Estado nazi, que considera suas atividades hostis ao Estado.
Os principais membros da Escola emigram para Paris e, posteriormente, para Nova Iorque.
1940 - Nos Estados Unidos, é criado o Institute of Social Research.
1950 - O Instituto de Pesquisa Social é reaberto na Alemanha.
• Principais teóricos
Theodor Adorno
Max Horkheimer
Herbert Marcuse
Walter Benjamin
Jürgen Habermas
• Teoria Crítica: propostas gerais
• Os frankfurtianos elaboram uma teoria crítica das sociedades contemporâneas, especificamente dos desdobramentos do capitalismo aliado à técnica e aos seus impactos sobre a vida dos indivíduos.
• Analisam o sistema da economia de mercado, abordando questões como: desemprego, crises econômicas, terrorismo, anti-semitismo, condição global das massas, mercantilização da cultura.
• Propõem temáticas novas através da análise de fenômenos superestruturais e do comportamento coletivo nas sociedades capitalistas industrializadas.
• Em nome da racionalização, os processos sociais são dominados pela ótica da ciência aliada à técnica, traduzida como racionalidade da dominação da natureza para fins lucrativos. 

• Denunciam a separação e oposição do indivíduo em relação à sociedade.
• Criticam a dominação dos indivíduos nos Estados capitalista e fascista. 

• Apontam o positivismo como estratégia de manutenção e reprodução do status quo. 

• Defendem a atividade reflexiva como solução da reorganização racional da sociedade, embora não apresentem soluções práticas para os impasses engendrados pelo capitalismo aliado à industrialização.
• As teses postuladas pelos frankfurtianos enfatizam o papel central que a ideologia desempenha em formas de comunicação nas sociedades urbanas modernas. E apontam a mídia como agente da barbárie cultural, veículos propagadores da ideologia das classes dominantes, imposta às classes subalternas pela persuasão ou manipulação. 

• Entendem as pesquisas setoriais e a mídia como instrumentos de manutenção do sistema, através da reprodução de modelos e valores sociais.
• Indústria Cultural
• Expressão utilizada por Adorno e Horkheimer na Dialética do Iluminismo (1947) no capítulo, “A Indústria Cultural: O Iluminismo como Mistificação das Massas”, em substituição do termo “cultura de massas”, para designar a produção e difusão de bens simbólicos em escala industrial.
• Para Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural, como subsistema da sociedade capitalista, reproduz a sua ideologia e estrutura.
• A Indústria Cultural configura produtos veiculados pelos mass media. Portanto, não designa peças culturais provindas da elite nem da população menos favorecida.
• As reflexões de Adorno e Horkheimer assentam na constatação de que a sociedade industrial não realizou as promessas do iluminismo humanista. Pois o desenvolvimento da técnica e da ciência não trouxe um acréscimo de felicidade e liberdade para o Homem.
• Ao invés de libertar o Homem, o progresso da técnica acabou por o escravizar, alienando-o.
• A reprodutibilidade técnica retirou, tanto da cultura popular, como da cultura erudita, o seu valor real. O resultado, a indústria cultural, não conduz à experiência libertadora da fruição estética.
• O princípio da reprodução deformaria a obra, nivelando-a por baixo. Por exemplo: adaptações de livros a filmes, que são adocicadas para se tornar mais apetecíveis ao consumo.
• O indivíduo deixa de decidir autonomamente. O conflito soluciona-se com a adesão acrítica de valores impostos.

• À medida que a indústria cultural se consolida, mais adquire poder sobre as necessidades do consumidor, guiando-o e disciplinando-o. “O consumidor não é soberano, como a indústria cultural queria fazer crer, não é o sujeito, mas o seu objeto” (ADORNO, 1967, p. 6).
• A individualidade é substituída pela pseudo-Individualidade. A ubiqüidade (significa “ao mesmo tempo em toda parte”), a repetitividade e a estandardização da indústria cultural fazem da moderna cultura de massa um meio de controle inédito.
• “O espectador não deve agir pela sua própria cabeça: o produto prescreve todas as reações: não pelo seu contexto objectivo que desaparece mal se volta para a faculdade de pensar – mas através de sinais. Qualquer conexão lógica que exija perspicácia intelectual, é escrupulosamente evitada” (Horkheimer; Adorno, 1947: 148).
• “A sociedade é sempre a vencedora e o indivíduo não passa de um fantoche manipulado pelas normas sociais” Adorno apud Wolf (1994, 77).
• Os produtos da indústria cultural paralisam a imaginação e a espontaneidade, impedindo a atividade mental do indivíduo. 

• A indústria cultural reflete o modelo do mecanismo econômico, que domina o tempo de trabalho e de lazer.
• A estrutura multiestratificada das mensagens reflete a estratégia de manipulação da indústria cultural.
• A recepção das mensagens da mídia escapam ao controle da consciência. O espectador absorve ordens, indicações, proibições, sem senso crítico.
• Uma das estratégias de dominação da indústria cultural é a estereotipização, modelos simplificados indispensáveis para organizar e antecipar as experiências humanas.
• A divisão dos produtos em gêneros conduz ao desenvolvimento de formas fixas e impõe modelos estabelecidos de expectativas.
• Os sujeitos encontram-se privados da verdadeira compreensão da realidade e da experiência de vida pelo uso constante de óculos esfumaçados, oferecidos pelo sistema através da indústria cultural.
• “O espectador olha (...) tudo se desenrola diante dos seus olhos, mas ele não pode tocar, aderir corporalmente àquilo que contempla. Em compensação, o olho do espectador está em toda a parte (...) sempre vê tudo em plano aproximado (...) mesmo o que está mais próximo está infinitamente distante da imagem, sempre presente, é verdade, nunca materializada. Ele participa do espectáculo, mas a sua participação é sempre pelo intermédio do corifeu (diretor de coros), mediador, jornalista, locutor, fotógrafo, cameraman, herói imaginário” (Edgar Morin, Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo, p. 74).

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ARTE E SOCIEDADE

ARTE E SOCIEDADE
Indústria cultural e Cultura de massa

Tópicos:
 A arte tornou-se produto
 A relação capitalismo e obra de arte
 A reprodutividade técnica
 A cultura de massa
 A indústria cultural
 Interesses ideológicos
 Os meios de comunicação social

Arte e sociedade
 A arte sofre transformações e ganha autonomia: a finalidade é ela mesma.
 As transformações foram no (1) estilo: técnica, procedimentos e relação com o público;
 E foram também (2) determinantes e determinadas pela sociedade.
 Há duas posições opostas em relação à arte, (a) o valor está nela mesma, “arte pela arte” e (b) a arte tem de ser engajada, comprometida com mudanças sociais (históricas, sociais, políticas e econômicas).
 A primeira imagina o fazer artístico desprovido de raízes.
 A segunda esvazia a arte em prol da mensagem.
 Walter Benjamin (1892-1940) faz uma análise da relação arte e sociedade, no mundo tecnológico e capitalista.
 Para ele a reprodução técnica destruiu a aura artística.
 No passado a arte tinha como finalidade sacralizar e divinizar o mundo, daí vem sua aura.
 Passou do divino ao belo sem perder a aura.
 A reprodutividade técnica desfaz a aura.
 A tendência é orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade.
 A reprodutividade não é algo novo, mas o modo (técnico) é.
 A técnica permite a arte em série: fotos, filmes, músicas.
 Original e cópia não se distinguem.
 As mãos foram liberadas da reprodutividade; a máquina faz e não o artista.
 A obra de arte possui dois valores, o de culto e o de exposição (essa pede reprodutividade).
 Pinturas paleolíticas tinham valor de culto: serem vistas pelos espíritos.
 Haviam obras secretas acessíveis apenas aos sacerdotes.
 Na pré-história predominava o valor de culto.
 As obras se emancipam do uso ritual e passam a ser expostas.
 A exposição traz novas funções a arte.
 Hoje arte e técnica, ambas emancipadas, caminham juntas.
 Pela técnica o nazifascismo transformou a política e a guerra em espetáculos artísticos.
 Pela propaganda os nazistas buscam influenciar nas emoções e nas paixões da sociedade.
 A reprodutividade técnica fica subserviente à propaganda totalitária em torno do führer.
 Benjamin tem esperança que aconteça a revolução socialista, democratizando a cultura tornando a arte acessível.
 A arte se tornaria direito universal deixando de ser privilégio da elite ou da religião.
 Sua esperança não se concretizou. Stalin e, depois o capitalismo usarão a arte em benefício próprio e surge a Cultura de massas.

Indústria cultura e cultura de massas
 Na modernidade o mundo desencanta e amadurece, a ciência supera a magia.
 A arte se emancipa da religião, mas se torna posse da ideologia e do mercado capitalista.
 A arte perdeu sua aura, mas não se democratizou.
 A arte tornou-se produto de consumo das massas através dos meios de comunicação.
 Perde suas especificidades e deixa de ser expressiva para ser reprodutiva.
 A arte existe para ser vista, visitada, fruída e contemplada.
 A arte tinha valor de exposição e tornou-se algo para ser consumido.
 A democratização da cultura e da arte requer que todos tenham acesso a ela, mas a indústria cultural não permite, por quatro motivos.
 Primeiro: cria a divisão social, obras caras e raras para a elite (culta) e as baratas e comuns à massa (inculta).
 Segundo: determina o horário e o preço das obras em função do público alvo, dizendo o que se deve ler, ouvir e ver.
 Terceiro: acentua a mediocridade, fortalece o senso comum, não traz novidade, devolve o que já se sabe.
 Quarto: cultura se torna lazer, entretenimento, diversão, distração. O que exige reflexão crítica não vende. Massificar é banalizar.
 Para Benjamin a reprodutividade técnica traria a democratização da arte;
 Para Adorno a indústria cultural não divulga, mas vulgariza a arte, por dois motivos:
 A) A cultura é colocada à venda com fins lucrativos. O que determina a produção cultural é a economia: agradar e atrair para vender e lucrar.
 B) A produção cultural visa lançar novos produtos, usa da cultura para vender produtos.
 A indústria cultural reproduz a cultura dominante e visa a permanência do sistema econômico e político-ideológico.
 Anestesia a consciência e impede a formação de indivíduos autônomos com capacidade de decidir e julgar por si.
 Os poderes político e econômico têm interesse em promover a indústria cultural.
 É um modo de deixar a população servil evitando revoltas.
 Para ambos ela é o “ópio do povo”, aliena pelo lazer e pela cultura.

Os meios de comunicação
 Rádio e tv são os que mais manifestam a indústria cultura e fazem isto ao criar duas categorias: público e horário.
 Os horários são definidos em função da classe social, do público alvo, da idade e do sexo.
 Além do horário também o conteúdo visa determinado mercado consumidor.
 Fazem isto de modo subliminar (simpático), por exemplo: petrolífera patrocina ecologia, cosméticos patrocina cultura, banco patrocina inclusão social. Visam incentivos.
(Veja TEDxSP 2009, Fábio Barbosa).
 Ouvintes são desrespeitados por informações fragmentadas, parciais e tendenciosas.
 O noticiário apresenta um mundo quebrado, longe e sem história e as telenovelas próximas, contínuas e históricas.
 Nas novelas o tempo é lento, os personagens os mais reais possíveis, próximos do público, o enredo parece real (personagens geram comentários quando morrem).
 Efeitos: Dispersão e Infantilização.
 Os meios de comunicação geram dispersão e dificuldade de concentração por longo tempo: nos acostumamos com momentos de atenção e descontração.
 Somos programados, pelo hábito, a nos concentrarmos de 7 a 10 minutos, e isto tem reflexo nas escolas. A capacidade de atenção vem diminuindo aos poucos.
 A infantilização ocorre quando a cultura tem de agradar para poder vender.
 Como infantiliza: O ser humano não consegue suportar a distância entre o desejo e a realização do desejo.
 A mídia oferece satisfação instantânea: cria o desejo e já apresenta o produto.

Os meios de comunicação
 A programação se ocupa com o que sabemos e apreciamos, e realiza nossos desejos sem exigir atenção e reflexão crítica (passividade).
 A cultura, a arte e o pensamento exigem maturidade a mídia infantilidade.
 É autoritária sob a aparência de democrática: especialistas nos ensinam a viver, criar filhos, cuidar da saúde, dos negócios, etc.
 As dicas são positivas apenas aparentemente, pois nos fazem imaginar que nada sabemos e não conseguimos aprender, pensar e agir sem seguir os especialistas.
 Ao invés de produzir cultura e democracia a mídia acentua a diferença de classes, invertem realidade e ficção, favorecem a dispersão, infantilizam, criam valores, nos deixam incultos e consumistas.

Cinema e televisão
 O cinema é uma indústria mantida por investimentos dos anunciantes e visa lucro e consumo.
 Difere da tv a qual compreende jornalismo, teatro, filmes, literatura, etc., e o cinema prioriza a imagem, o som, os movimentos e os efeitos especiais.
 O cinema entrecruza realidade e ficção, verdade e fantasia, reflexão e imaginação.
 Para Benjamin o cinema é a arte democrática do nosso tempo.

Pró mídia
 Segundo Marshall (1911-1980), a indústria cultural e os meios de comunicação de massa atuam de maneira otimista e positiva, pois colocam os bens culturais produzidos pela humanidade ao alcance de todos.
 Marshall Mcluhan introduz o termo aldeia global como metáfora da idade contemporânea. Não foca o lado ideológico da mídia, mas o modo como interfere na maneira de ser das pessoas.
 Acesso rápido e fácil à informação, melhoria do padrão educacional, integração de pessoas separadas por milhares de quilômetros, aumento do fluxo de informação, de conhecimento e de entretenimento, além de diminuir as distâncias da Terra.
 Mcluhan vê a tv de forma positiva, boa. Diz ele que “os homens criam as ferramentas, e a ferramentas, por sua vez, recriam os homens”.

Imparcialidade da razão
 Para Pierre Bourdieu (1930-2002) a razão não é boa e nem má, em si ela é neutra, o que vai determinar o seu valor é o uso que lhe é dado; o problema está na instrumentalização da razão.
 O capitalismo se apossa da razão e se utiliza dela, além da mídia e da ciência.
 O problema está no desequilíbrio: 6% tem 59% dos bens. 54,7% no mundo, 44% na América Latina e 34% no Brasil são pobres ou miseráveis. 20% consome 80% (americano 350x nigeriano, 25x brasileiro).
 3tri U$ aos bancos em 2008, 1% disto alimentaria 50 milhões de crianças por um ano.
 25.000 pessoas por dia (a cada 11 segundos uma criança) morrem de fome no mundo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O problema estético

ESTÉTICA - O belo e a experiência estética.

A ESTÉTICA ANTIGA, MEDIEVAL E MODERNA
A arte é...
 Aisthetike (αισθητική): percepção, sensação.
 Expressão de conhecimento.
 Uma visão de mundo.
 Não é apenas emoção, mas conhecimento dificilmente traduzível em outra linguagem.
O que estudar?
 A natureza e a função da arte.
 Sua relação com a moral, a educação e a política.
 As concepções de estética.
 Os fundamentos da estética.
Arte e conhecimento do mundo
 Mito, filosofia, ciência e arte são modos de organizar a experiência no mundo.
 O mito se funda na fantasia.
 A filosofia se funda na razão.
 A ciência se funda em leis.
 A arte se funda na criação e no símbolo.
Características da arte
 Conhecimento imediato, concreto, individual, transmissível, intuitivo, imaginativo, sensível, simbólico e criativo.
 Transmite um sentido percebido, mas não se reduz à explicação verbal.

Arte e educação
 A arte educa a sensibilidade.
 A educação artística de uma sociedade depende do seu convívio com a arte: museus, galerias, teatros, templos...
 É preciso afinar a sensibilidade para as nuances, sutilezas e estilos que permitirá a descoberta da riqueza do belo e da arte.

A arte enquanto crítica
 A arte pode ser crítica, resistente, engajada e comprometida com a conscientização do homem, sobretudo em tempos que o poder oprime.
 Manifestações artísticas costumam acontecer como expressão de enfrentamento e oposição, ou o seu contrário.
Platão e a arte
 Foi o primeiro a pensar nesta questão e para ele a arte não era autônoma, mas ligada à metafísica e à moral.
 Busca o seu valor de verdade: aproxima ou afasta o homem da verdade? Torna-o melhor ou pior?
 Conclui que arte, exceto a música, esconde a verdade, é mentirosa, corrompe e deseduca o homem.

Platão e a arte
 Considera a poesia inferior à filosofia, por não saber explicar e nem ensinar aquilo que faz.
 No Fedro Platão define a arte como divino entusiasmo (repleto de Deus), fruto do amor que impele a alma à imortalidade. A alma procura gerar e procriar o belo.
 Na República a arte é mimesis (imitação), subordinada à moral. Só se deve favorecer a arte útil à educação (música, sobretudo).
Platão e a arte
 A tragédia (canto do bode) e a comédia (fuga da ordem) servem mais para corromper do que para educar, pois afastam da verdade.
 Motivos: 1) deuses e heróis sujeitos à baixezas; 2) exprime a aparência e não a realidade; 3) funda-se no sentimento e na fantasia e não na razão; agita as paixões.
 Só a música deve ser cultivada, pois dá harmonia interior e educa para o belo.
Aristóteles e a arte
 A arte tem dupla função, pedagógica e catártica: complementam o que a natureza não terminou.
 Tragédia e comédia, aprovadas por Aristóteles têm função catártica, purificam das paixões (extravasar).
 Aquilo que se vive na ficção descarrega a passionalidade acumulada sem ocorrer na realidade e a alma readquire a serenidade.
Aristóteles e a arte
 Obras aristotélicas de estética: Retórica e Poética.
 Definição: belo é um bem que agrada. É um prazer proporcionado pelas faculdades cognitivas, através da ordem, da simetria e da determinação.
 Há dois tipos de arte (téchne): mecânicas (artesanato) e imitativa (belas-artes).
 A imitativa não tem o sentido pejorativo platônico.
Concepções estéticas – o naturalismo grego
 Reproduzir a natureza da forma mais real possível. Imagens com aparência da realidade (Apeles: o cavalo; Parrásio: as uvas).
 Se divide em duas tendências: realismo e idealismo.
 Realismo: mostrar o mundo como ele é.
 Idealismo: mostrar o mundo como deveria ser.
Concepções estéticas – o naturalismo grego
 Na Grécia antiga a arte estava em toda parte: vasos, copos, pratos, palácios, etc., e o artista era um trabalhador comum, desconhecido.
 O naturalismo foi revigorado na renascença e teve o seu declínio com o impressionismo em meados do século XIX.
 O surgimento da fotografia fez os pintores repensarem a função da arte como representação.
A estética medieval: sagrada e estilizada
 A arte não progrediu muito, pois era vista como atividade pagã.
 Os poucos avanços foram com fins didáticos de evangelização (expressar a religião).
 Na arte medieval a beleza não tem valor em si, mas resplandece a verdade no símbolo, como possibilidade de se alcançar a natureza divina.
 Beleza é uma dimensão do bem; beleza e bondade são idênticas, sendo a beleza o aspecto agradável da bondade.
O naturalismo renascentista
 O trabalho do artista é valorizado, elevado à categoria de ocupação intelectual.
 Princípios estéticos renascentistas
1 – A arte é parte do conhecimento
2 – Imita a natureza auxiliando a ciência
3 – Visa a melhoria moral da sociedade
4 – A beleza é objetiva: ordem, harmonia e proporção
5 – A arte antiga é referência e ideal
6 – As regras artísticas são racionais

A ESTÉTICA NA MODERNIDADE
O acaso do naturalismo
 No século XVIII inicia-se uma revolução na estética: a finalidade da arte é ela mesma.
 A essência da arte não é representar o mundo e nem defender ou promover valores, mas promover a experiência estética.
 Aversão à sistematização da arte e descrença na possibilidade de definição do belo em si.
O acaso do naturalismo
 Valoriza-se o feito artístico: a obra de arte tem sentido em si e não por representar a realidade exterior; ela é realidade em si.
 O naturalismo permaneceu na mídia a serviço da ideologia dominante.
 A programação cria, deliberada ou subliminarmente, uma realidade virtual, como se fosse a real.
 Vemos uma realidade manipulada que não incomoda, questiona ou perturba.
Iluminismo e academismo: a estética normativa
 A estética neoclássica tem suas raízes em Descartes.
 A clareza e a certeza migraram para o campo da arte.
 Axioma do fazer artístico: a arte imita a natureza (identifica-se o “seguir a natureza” com o “seguir a razão”).
 Surge o academismo ou arte normativa: regras para o artista com pouco espaço para a originalidade, a criatividade e a intuição.

A NOVA CONCEPÇÃO DE ESTÉTICA
Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762)
 Introduziu pela primeira vez o termo “estética” (ciência do conhecimento sensorial e apreensão do belo, expressa nas imagens da arte, em contraposição à lógica)
 Não é o fundador da estética como ciência, mas o termo por ele introduzido no campo filosófico respondia às necessidades da investigação nesta esfera do saber, e alcançou ampla difusão.
 Tratando do conhecimento sensível, o interpretou ao modo de Descartes, como um estágio inferior, ao modo de idéia confusa.
 Baumgarten tem o mérito de haver tratado em separado o sentimento da apreciação da arte e do belo em geral, enquadrando-o como um conhecimento sensível.
 Criou o nome da disciplina Estética a partir do substantivo Aisthetike (αισθητική) = sensação.
 Usa primeiramente o termo em obra de 1735, fazendo-o título de livro em 1750. Sobre a arte estabeleceu que ela resulta da atividade intelectual e também da sensitiva; por isso a noção do belo não é uma idéia simples e distinta, como pode acontecer com as idéias mentais, mas uma idéia confusa.
 Desde Baumgarten, ganha espaço a concepção subjetiva do belo, como algo resultante da obra do homem, não sendo mais uma propriedade simplesmente objetiva das coisas. Para a ontologia tradicional, o belo é, pelo contrário, uma propriedade objetiva do ente, enquanto visto como perfeição.
 Kant utilizou livros de Baumgarten como texto de aula. Aproveitou, entretanto, o termo Estética, como denominação para o estudo gnosiológico da sensação e de suas formas apriorísticas de espaço e tempo, o que denominou Estética transcendental.
 Distingue na arte: fim (utilidade) e finalidade (o prazer provocado pela beleza).
Kant e a crítica do juízo estético
 Distingue j. estét. de j. sobre as formas de prazer e o de utilidade e bondade.
 “Belo é o que agrada, não importa o conceito”.
 Divide a beleza em: b. livre (s/ conceito de perfeição e uso; tipo surreal, abstrato) e b. dependente (c/ conc. perf. e uso; realismo).
 Os j. estét. independem de j. de moralidade, de utilidade ou de prazer dos sentidos (= prazer desinteressado).
 Ao objeto de satisfação chamamos belo.
 Ocupa-se de modo sistêmico com o estético.

A estética romântica
 Como reação ao classicismo e neoclassicismo, floresceu (meados séc. XVIII até meados XIX) a arte romântica.
 Expressando sentimentos e emoções, prioriza subjetividade e a liberdade.
 Dá vazão à genialidade, imaginação, originalidade, emoção, etc. (o artista nasce gênio, a genialidade é dom especial de artista).

A estética romântica
 Para a estét. rom. a imaginação é a faculdade de percepção da verdade.
 A imaginação configura a realidade não apenas revelando-a, mas criando-a mentalmente.
 As idéias românticas são traduzidas por um simbolismo.
A estética romântica
 Principais poetas: Goethe (1749-1836), Hölderlin (1770-1843), Novalis (1772-1801) e Schlegel (1772-1829).
 “O homem é um deus quando sonha e um mendigo quando reflete” (Hölderlin).

O pós-modernismo
 A característica hoje é a velocidade das transmissões, o predomínio das informações, a globalização, a transculturação, o consumo, a efemeridade dos produtos (obsolescência planejada e obsolescência perceptiva).
 Há também a preocupação com o planeta, o meio ambiente, a qualidade de vida, a qual entrou na arquitetura e está chegando ao teatro, cinema, dança, etc.
 A estética pós-moderna se caracteriza pela desconstrução das formas, linhas, ritmos e tons, a multiplicidade de estilos, a valorização da cultura local e a ruptura, na esteira do modernismo, com a tradição artística acadêmica, universalista, racionalista e sistêmica.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

TEORIA DO CONHECIMENTO

TEORIA DO CONHECIMENTO OU EPISTEMOLOGIA
Conhecimento e método em filosofia
CONHECIMENTO
 É a busca da verdade na relação entre sujeito e objeto.
 “Dizer o que é do que é e o que não é do que não é, é verdade; dizer o que é do que não é e o que não é do que é, é falsidade” (Aristóteles)
TIPOS DE CONHECIMENTO
 Sensorial: adquirido pelos sentidos; é empírico.
 Intelectual: adquirido pelo raciocínio; é lógico-formal (abstração), conserva a imagem na mente apenas.
O PROCESSO DO CONHECIMENTO
 O homem é um animal racional, pensa.
 O pensamento conduz ao conhecimento
 Conhecer é: entender (levar para dentro, tornar-se dono do objeto conhecido) e explicar (colocar para fora; requer linguagem, discurso, logos).
TEORIA DO CONHECIMENTO NA ANTIGUIDADE
 Para os pré-socráticos a verdade era encontrada no kosmos (ordem) presente na physis (natureza), a qual segue uma lei.
 Heráclito e Parmênides: existe o movimento? (Stephen Jay Gould, 99% extintos).
 Para os sofistas a verdade é relativa, depende das convenções, pois “o homem é a medida de todas as coisas”. Quando se diz que algo é verdadeiro é preciso provar.
 Para Sócrates tudo possui uma essência (razão de ser) e é possível conhecê-la pelo método dialético: ironia e maiêutica.
TEORIA DO CONHECIMENTO DE PLATÃO
 Para Platão conhecer é recordar o mundo das idéias (hiperurânio), pois nascemos como um quadro já escrito;
 No mundo material, dos fenômenos vemos as sombras da verdade: as coisas mudam, mas a idéia permanece.
 As idéias (termo por ele criado) são conceitos universais.
 O mito da caverna resume sua epistemologia
 A filosofia deve conduzir o homem na passagem dos graus.
 O mundo material é sombra, o mundo real é a idéia (em termos de conhecimento).
 Há uma hierarquia nas idéias e a idéia do bem está no topo. O Bem Supremo é Deus.
 O filósofo se liberta das correntes e chega ao verdadeiro conhecimento.
 Na dimensão política, o filósofo deve ser o rei (sofocracia).
TEORIA DO CONHECIMENTO DE ARISTÓTELES
 Para Aristóteles nascemos tabula rasa.
 O processo do conhecimento é: os cinco sentidos captam o mundo, o cérebro registra e a linguagem expõe.
 Busca estabelecer a ciência como conhecimento verdadeiro, causal, superando enganos e opiniões e compreendendo o devir.
 Recusa as explicações de Platão.
 Para se compreender a realidade há que se distinguir entre: 1) substância e acidente; 2) ato e potência e 3) matéria e forma.
 Substância é a unidade interna do ser, a essência (razão é substância de homem).
 Acidente são os atributos que podem ou não ocorrer (a altura é característica acidental no homem).
 Matéria é aquilo de que algo é feito.
 Forma é aquilo que individualiza algo fazendo-o ser daquele modo determinado.
 Potência é a possibilidade de algo vir a tornar-se diferente sem deixar de ser ele mesmo.
 Ato é modo como o ser se apresenta agora.
 O devir não é ilusão e nem aparência, mas o movimento da potência se tornando ato.
 A potência se torna ato por quatro causas, chamadas causas do movimento. São elas:
 Material: aquilo de algo é feito;
 Formal: a forma que um ser tem em si;
 Eficiente: a força que faz a matéria adquirir determinada forma.
 Final: a razão desse ser existir
 Os nossos conceitos novos são devidos à dedução (do universal ao particular) ou à indução (do particular ao universal).
 Estes conceitos aristotélicos prevaleceram por 19 séculos, pois foram “cristianizados” na idade média.
 Tomás de Aquino “dogmatizou” o conhecimento fundado na fé em Deus.
CONHECIMENTO MEDIEVAL
 A fé é o paradigma
 Dogmatismo
 Autoridade divina
 Teocêntrico
 Unidade religiosa
 Objetividade / natureza
 Metafísica / Ontologia
CONHECIMENTO MODERNO
 Funda-se na razão
 Ceticismo / Dúvida
 Laicização
 Antropocêntrico
 Reforma protestante
 Subjetividade
 Epistemologia
A CIÊNCIA NA MODERNIDADE
 A ciência antiga se fazia com razão e observação e a moderna acrescenta a experimentação.
 Só é saber o que se submete às experiências.
 Ciência e técnica se unem: o saber retorna ao mundo para transformá-lo.
 Precursores: Copérnico, Galileu, Kepler e Newton.
GALILEI E A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
 Galilei rompe com a ciência tradicional e cria a moderna concepção de ciência.
 Distinguiu os objetos próprios da religião, da filosofia e da ciência.
 Substituiu o modelo astronômico ptolomaico pelo copernicano.
 Aperfeiçoou o telescópio e descobriu que o mundo era muito diferente do que se acreditava.
 Conseqüências: uma nova visão de mundo e de ser humano. O espaço deixa de ser sagrado e torna-se mensurável.
 Não há mundo superior e inferior e nem diferença entre corpos celestes e terrestres.
 Não se busca mais as explicações divinas, mas as racionais.
 Abandona-se a dimensão religiosa e separa-se fé e razão (ciência).
 Galilei constrói uma ciência ativa (analisa a experiência pelo método indutivo-dedutivo).
 Promove a autonomia da ciência (objeto: verdades naturais) frente à religião (objeto: verdades de fé) e à filosofia (essência das coisas).
 A natureza e o homem são como uma máquina cujas leis precisam ser descobertas.
 A natureza é um livro aberto escrito em linguagem matemática.
EPISTEMOLOGIA MODERNA
 Na modernidade a física e a matemática se tornam pano de fundo da ciência.
 Busca-se um método científico que garanta certeza e verdade.
 Racionalismo, empirismo, iluminismo e positivismo apontarão métodos diferentes.
 O racionalismo limita o conhecimento à razão; O empirismo o limita à experiência sensível.
 Para os racionalistas a experiência está sujeita a enganos, a ciência se faz no intelecto.
 Para os empiristas a experiência é fundamental.
 Os racionalistas defendem que o homem pode atingir verdades universais.
 Os empiristas questionam o caráter absoluto da verdade, pois o conhecimento procede de uma realidade em transformação.
RACIONALISMO – RENÉ DESCARTES (1506-1650)
 Descartes é o pai do racionalismo e da filosofia moderna.
 Seu objetivo é alcançar um método que garanta a verdade, a certeza clara e distinta.
 O ceticismo era muito presente: duvidava-se da certeza e da verdade (Agrippa, Sanchez e Montaigne).
 Quem garante que não estamos sonhando? Ao duvidar percebe que tem certeza que está duvidando, se duvida pensa, se pensa existe.
 A partir dessa primeira certeza Descartes reconstrói todo o universo do saber.
 A essência do homem é o pensamento (res cogitans).
 Aquilo que exterioriza essa essência é o corpo (res extensa).
 A existência de Deus se demonstra pela prova ontológica. Se Deus existe Ele é perfeito, entre os atributos da perfeição está a existência, logo Deus existe.
 A garantia de que Deus existe é a certeza de que o mundo existe, pois Deus não engana. Assim, o mundo pensado coincide com o mundo real.
 Itinerário: 1º pensamento, 2º Deus e 3º mundo.
 Forte tendência em valorizar a razão, o entendimento, o intelecto.
 Nossas idéias são inatas, não sujeitas a erros pois vêm da razão e não dos sentidos.
 Descartes é fascinado por matemática e geometria, essenciais para o conhecimento verdadeiro, pois têm origem na razão a qual tem por objeto o universal e necessário.
 O racionalismo separa corpo e consciência, sendo o corpo a realidade física; e a consciência sede do recordar, do raciocinar, do conhecer e do querer.
 A mente não se submete às leis físicas e só ela é plenamente livre.
EMPIRISMO – FRANCIS BACON (1561-1626)
 Seu lema é “saber é poder”. Não o saber contemplativo, mas o instrumental (possibilita dominar a natureza).
 Principal obra: Novum organum, onde critica a lógica aristotélica, defende a supremacia da indução e denuncia as falsas noções (ídolos) que nos impedem de conhecer a realidade.
Empirismo – Francis Bacon (1561-1626)
 Ídolos da caverna: opiniões que se formam a partir de nossos sentidos. De fácil correção.
 Ídolos do foro: opiniões que se formam em nós pela linguagem e relações com os outros. De difícil correção.
 Ídolos do teatro: impostas pelas autoridades, leis e decretos. Requer reforma política e social.
 Ídolos da tribo: opiniões que decorrem de nossa natureza humana. Reforma de nossa natureza.
 Esses ídolos dificultam a investigação científica, têm de ser identificados e derrubados pela indução e pela experiência.
 Três fases do método de Bacon: análise da experiência, hipótese e verificação.
 O seu método é menos exato que o indutivo-dedutivo de Galilei, pois não recorre tanto à matemática.
EMPIRISMO – JOHN LOCKE (1632-1704)
 Quer saber qual é a essência, a origem e o alcance do conhecimento humano.
 Distingue duas origens do conhecimento:
 Sensação: modificação ocorrida na mente pelos sentidos.
 Reflexão: percepção que a mente tem daquilo que ocorre com ela.
 Nascemos tabula rasa e o conhecimento se dá pela experiência sensível. As idéias não são inatas.
Empirismo – John Locke (1632-1704)
 Só conhecemos a existência e não a essência das coisas; conhecer a substância supera os limites do nosso conhecimento.
 Nossas idéias podem ser:
 Simples: conhece as qualidades primárias (objetivas) e secundárias (subjetivas).
 Complexas: denominar e ordenar as coisas; tem validade prática, mas não cognitiva, não é objetiva.
EMPIRISMO – DAVID HUME (1711-1776)
 Radicaliza o empirismo: só os fenômenos são observáveis (fenomenismo), a essência não é experienciável.
 Não há causalidade, observamos só a sucessão dos fatos e formamos o hábito.
 Não se pode conhecer nada além das impressões; o objeto é a sua representação em impressões e não a coisa externa.
 Os objetos da razão são:
 Relações de Idéias: são as ciências da Geometria, Álgebra e Aritmética e toda a afirmação intuitiva, ex. o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados catetos. Proposições deste tipo podem descobrir-se pela simples operação do pensamento, sem dependência do que existe em alguma parte no universo.
 Questões de fato: não são indagadas da mesma maneira, nem a nossa evidência da sua verdade é de natureza semelhante à precedente. O contrário de toda a questão de fato é possível, porque jamais pode implicar uma contradição, e é concebido pela mente com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse idêntico à realidade. Que o Sol não se levante amanhã não é uma proposição menos inteligível e não implica maior contradição do que a afirmação de que ele se levantará. Ou seja, em vão tentaríamos demonstrar a sua falsidade.
 Distingue entre impressões (percepções fortes, ex. calor) e idéias (percepções fracas, ex. idéia de calor).
 A ciência não é possível, pois se baseia na crença gerada pelo hábito, não há como se ter certeza de que o ocorrido sempre ocorrerá.
ILUMINISMO
 O iluminismo é o ápice da crença no poder da razão.
 É a confiança absoluta de que a razão seria a luz a iluminar o mundo.
 Características do iluminismo: 1. veneração á ciência; 2. confiança na razão; 3. harmonizar racionalismo e empirismo; 4. antitradicionalismo; 5. eliminação do sofrimento e da miséria; 6. propiciar a felicidade.
ILUMINISMO – IMMANUEL KANT (1724-1804)
 Kant é o maior expoente do iluminismo por examinar criteriosamente a razão.
 Racionalismo e empirismo impossibilitam a ciência: o racionalismo pelos juízos analíticos a priori e o empirismo pelos juízos sintéticos a posteriori.
 Juízos são teses, proposições, não são vivências.
 Racionalismo: idéias inatas (juízos analíticos a priori). Juízos analíticos não acrescentam nada ao conhecimento, apenas descrevem-no.
 Juízos analíticos a priori: o predicado está contido no sujeito.
 Empirismo: idéias vem da síntese de experiência em experiência (juízos sintéticos a posteriori).
 Juízos sintéticos a posteriori: o predicado não está contido no sujeito.
 Os juízos analíticos são universais e necessários e os sintéticos são particulares e contingentes.
Iluminismo – Immanuel Kant (1724-1804)
 Para que a ciência seja possível deve haver conhecimentos sintéticos que tenham a propriedade apriorística: juízos sintéticos a priori (universais e necessários independentes da experiência).
 Uma experiência bem feita basta para fundamentar uma lei, que valerá para todas as experiências passadas e futuras. Essa tornar-se-á juízo sintético a priori.
 Nem o racionalismo e nem o empirismo perceberam que o juízo sintético a priori é condição de possibilidade da ciência.
 Conhecemos apenas o fenômeno (aquilo que se manifesta a nós) e não o noúmeno (a coisa em si).
 Conhecer é uma concepção mental apriorística, onde o objeto dá a matéria e o sujeito dá a forma.
 Kant possibilita o surgimento do idealismo (acentua o sujeito cognoscente) e o positivismo (enfatiza a experiência).
POSITIVISMO – AUGUSTO COMTE (1798-1857)
 É o pai do positivismo e o fundador da sociologia.
 Afirma que a evolução do conhecimento passa por três estágios: teológico, metafísico e científico.
 A ciência reformará as instituições através da ordem e do progresso (lema positivista).
 Classifica as ciências, das mais simples ás mais complexas: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia.
 Só no estágio científico, ou positivista, se atinge o conhecimento, a ciência.
 Características do positivismo:
- certeza sensível via observação sistemática e certeza metódica;
- relacionar fenômenos observados;
- buscar relações, leis, entre os fenômenos;
- prever e controlar os fenômenos.
POSITIVISMO – O CÍRCULO DE VIENA
 O positivismo teve seguidores no mundo todo e entre eles destaca-se o Círculo de Viena (reavia o entusiasmo cientificista do positivismo).
 Busca analisar e clarificar o discurso científico estabelecendo as condições de sua legitimidade.
 À filosofia cabe analisar a lógica e a linguagem científicas, demarcando os critérios que distinguem os enunciados científicos dos não científicos.
 O critério de demarcação é o princípio de verificabilidade: a ocorrência confere veracidade à proposição.
 Só é verdadeiro aquilo que se possa verificar e descrever, o experienciável.
 Filosofia e metafísica são asserções não-verificáveis e, portanto, sem sentido.
 Só as ciências naturais têm o status, a prerrogativa de conhecimento do real.
POSITIVISMO – CÍRCULO DE VIENA – KARL POPPER (1912-1994).
 Inicialmente concorda com o Círculo de Viena, mas depois se opõe e propõe o critério de refutabilidade empírica.
 A ciência será verdadeira se resistir à refutação ou falsificabilidade.
 Só será ciência a teoria, ou a hipótese, que mesmo sendo falsificável (desmentida, contradita, confrontável), resiste.
A RACIONALIDADE INSTRUMENTAL (TEORIA CRÍTICA)
 Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer e Habermas): criticam a Razão Instrumental.
 Crítica da razão “iluminista”:
- pretensão de domínio sobre a natureza.
- promessa de emancipação e progresso.
- razão “cega” quanto aos fins.
 Conhecimento (ciência) como instrumento de dominação e exploração (instrumentalização da razão).
A racionalidade instrumental (teoria crítica)
 Assimilação dos indivíduos pelo sistema capitalista:
- deturpação das consciências.
- desumanização.
 Acesso aos objetos técnico-tecnológicos, mas não ao conhecimento.
 Confusão entre progresso técnico-científico e progresso da humanidade com recaídas na barbárie.
 Habermas: retoma a razão iluminista em novas bases (“razão comunicativa”).

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O problema ético

A ORIGEM DO TERMO
 A palavra ética vem do grego ethos, o qual poderia ser escrito de duas maneiras: hthos = costume, hábito (ou habitat*); ethos = temperamento, caráter.
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* Diz-se que inicialmente ethos era uma espécie de curral, onde as ovelhas ficavam à noite e por isso ficou vinculada à idéia de proteção, guarida.

A ORIGEM DA ÉTICA
 Quando a ética surgiu ela se assemelhava à política: política era a arte de viver bem em comunidade e ética era a arte de viver bem consigo mesmo (consciência tranqüila).
O SIGNIFICADO
 A ética é uma reflexão crítica acerca dos valores de nossas ações (boas/más, corretas/errôneas).
 Embora seja utilizada como sinônimo de moral, pode-se diferenciá-las com se ética fosse a teorização acerca dos valores e moral (mores = costume) a ação moral.
CONSCIÊNCIA MORAL
 À nossa tendência espontânea de julgar as ações e classificá-las dá-se o nome de consciência moral.
 A consciência moral une juízos de fato e de valor.
 Juízos de fato: aquilo que é; que ocorre.
 Juízos de valor: aquilo que deveria ser; deveria ocorrer.
 A ética do “dever ser” chama-se deontológica.
PRESSUPOSTOS DA AÇÃO ÉTICA
 Uma ação só poderá ser caracterizada como ética ou não se for realizada com:
 Liberdade: ação livre e sem constrangimento ou coação.
 Autonomia: o agente tem plenos poderes de compreender sua ação.
 Responsabilidade: capacidade de responder diante de si e dos outros pela ação efetuada.
CONCEPÇÕES ÉTICAS
 A ética pode ser entendida como fruto histórico-social e por isso diferente conforme o tempo e o lugar.
 OS SOFISTAS, defendiam que os valores surgiam das convenções e não da natureza humana; o homem é a medida de todas as coisas.
CONCEPÇÕES ÉTICAS
 SÓCRATES, discorda dos sofistas e defende que há valores universais baseados na essência do ser humano.
 A essência do ser humano é a razão e a essência da razão é a busca do bem.
 O bem é o conhecimento e o mal é a ignorância (racionalismo ético).
CONCEPÇÕES ÉTICAS
 PLATÃO e ARISTÓTELES, concordam com Sócrates quanto ao racionalismo ético e afirmam que o agir ético do homem se funda na natureza.
 O ser humano tem, por natureza, um “princípio norteador” que permite distinguir o bem do mal.
CONCEPÇÕES ÉTICAS
 O dualismo platônico o conduz à convicção de que o bem está no mundo das idéias.
 Aristóteles, não é dualista; discorda de Platão e defende que o homem real, concreto tende para a felicidade (sumo bem) e a ética deve ajudar o homem a ser feliz (ética eudaimonista).
CONCEPÇÕES ÉTICAS
 O eudaimonismo defende que a busca da felicidade deve ser o fundamento da conduta moral.
 É bom tudo aquilo que leva à felicidade de espírito.
 Segundo Aristóteles a ética é uma parte da política. Ética é viver bem individual e política é viver bem com os demais.
CONCEPÇÕES ÉTICAS
 Para Aristóteles a felicidade é uma vida vivida conforme a virtude.
 Virtude é a “justa medida” entre dois excessos: a falta e o excesso.
 É a ética da harmonia, do equilíbrio, da justa medida, do bom senso.
 Virtude > virtus > força > autodomínio.
HELENISMO
 Helena é um dos nomes da Grécia. Helenismo = viver como os gregos.
 Alexandre Magno conquistou muitos lugares e divulgou o modo de vida dos gregos.
 A Grécia perdeu sua autonomia; a polis deixa de ser o plano de fundo que propicia a felicidade ao homem.
Helenismo
 Sem a referência à polis o homem tem de buscar a felicidade dentro de si.
 As escolas dessa época têm uma visão intimista e individualista da moralidade.
 Exaltam o equilíbrio como forma do homem ser senhor de si.
HELENISMO - cinismo
 O cinismo desprezava todas as convenções sociais.
 O maior representante é Diógenes de Sinope (413-323 a.C.);
 A virtude só seria obtida eliminando-se da vontade todo o supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior.
 Defendiam um retorno à vida da natureza, errante e instintiva, como a dos cães: sem preocupar-se com conforto, luxo e prazeres.
Helenismo - estoicismo
 Para o estoicismo (stoá = portão) o objetivo da ética era levar o homem a encontrar a felicidade através da apatia (ausência de paixões). Anacoretas, eremitas, monges budistas.Êxtase, nirvana.
 Apatia = aceitar pacientemente tudo o que acontece, pois faz parte do plano divino.
 Desprezar toda forma de prazer e ser insensível aos bens do mundo.
Helenismo - epicurismo
 Já o epicurismo defende a ataraxia (= imperturbabilidade).
 A virtude é o prazer espiritual, a paz de espírito e o autodomínio.
 Há que se diminuir toda influência externa sobre o bem-estar do espírito.
 Foi fundado por Epicuro (341-270 a.C).

Ética medieval
 A idade média é marcada pelo pensamento teológico e a ética está sob a normas religiosas.
 O cristianismo aceitou bem a moral estóica: anular as paixões, libertar-se do egoísmo e ser indiferente às contingências da condição humana.
Ética medieval - cristianismo
 Pregam a ascese espiritual = fortalecer o espírito pela mortificação do corpo, jejum, abstinência e autoflagelação. Opus Dei.
 A ascese visa o autodomínio e o equilíbrio tornando o indivíduo mais sensível e solidário.
 Essa tendência durou até o século XIII, quando a ética eudaimonista foi assumida pelo cristianismo.
 A suprema felicidade é contemplar Deus, na vida eterna.
Ética medieval - cristianismo
 O homem virtuoso (bom) tem o temor de Deus.
 O motivo da ação é uma imposição externa (fazer a vontade divina).
 Estoicismo + aristotelismo + vida eterna + vontade de Deus = moral cristã.
A moral dos modernos
 Baruch Spinoza (1632-1677) discordando de Aristóteles (inserção na polis) e do Cristianismo (temor de Deus) retoma a relação do indivíduo com a natureza.
 Temos, por natureza, paixões, as quais não são boas e nem más (alegrias, tristezas e desejos).

Ética moderna - Spinoza
 Paixão alegre = amor, esperança, (desejo: gratidão).
 Paixão triste = ódio, inveja, (desejo: crueldade).
 Virtude é a causa interna de atos e pensamentos (força).
 Vício submeter-se às paixões e dominar-se por causas externas (fraqueza).
Ética moderna - iluminismo
 A razão orienta o homem rumo ao cumprimento do seu dever.
 O homem tem dentro de si as normas para a própria conduta (autonomia).
 Só ações autônomas podem ser ou não éticas.
 A ação feita sob vontade externa é heterônoma (anel de Giges).
 Kant e Rousseau tentam resolver a questão da compatibilidade de dever e liberdade.
Ética moderna - Rousseau
 Nascemos com consciência moral; somos bons e justos por natureza (o bom selvagem).
 A bondade e o dever foram gravadas pelo dedo de Deus em nossos corações.
 O dever não aniquila a autonomia da razão, pois só na aparência é imposição externa.
 Quando nos curvamos ao dever obedecemos nossos próprios sentimentos.
Ética moderna – Kant
 Opõe-se à moral do coração de Rousseau. Bondade natural é romantismo, predomínio da imaginação.
 Somos naturalmente egoístas e o dever é necessário para que nos tornemos seres morais.
 A razão é universal e visa sempre a finalidade da ação.
 A razão entende que a idéia de dever é expressão da lei moral em nós.
 “Duas coisas enchem a mente de assombro e reverência: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”.
Ética moderna – Kant
 Uma ação é ética quando vontade e dever estão de acordo. Chama-se vontade boa = querer o bem.
 O fundamento da moralidade para kant é a liberdade = autonomia da vontade.
 No livro Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant afirma que nossas ações são feitas por: 1) Intenção egoísta, 2) Inclinação imediata ou 3) por dever.
 Cabe reprovação a ação contra o dever e até a ação conforme o dever.

Ética moderna - kant
 O dever é um conjunto de normas fixas que vale para todos os seres racionais.
 O dever se impõe, é imperativo e ele distingue “mandamento” de “imperativo”.
 O imperativo categórico é um dever, uma lei, porém internalizado.
Kant – imperativo categórico
 1 – Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal de natureza.
 2 – Age de tal maneira que trates a humanidade, na tua pessoa e na pessoa dos outros, sempre como fim e nunca como meio.
 3 – Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para os racionais.
Moral e existência
 Kant acentua a liberdade de forma universalista, abstrata e formal.
 Hegel vê a ética ligada ao contexto histórico-cultural.
 Marx diz que os valores éticos decorrem das relações sociais no mundo trabalho.
 Nietzsche combateu a domesticação feita pelo cristianismo: aceitação do sofrimento, moral de rebanho, moral dos fracos, etc.
 Kierkegaard valoriza a existência individual com suas paixões.
Moral contemporânea
 A moral moderna (iluminista) preconiza a razão autônoma.
 Para alguns contemporâneos a razão pode também ser instrumento de opressão e máscara de ideologias.
 O individualismo e a ausência de critérios marcam a ética contemporânea.

Moral contemporânea
 A atomização aponta a perda de sentido da totalidade da vida humana (Hans Jonas: “princípio responsabilidade”).
 Tende-se a recolocar a ética sobre bases religiosas: fundamentalismo e esoterismo.
 A variedade de fundamentações remete ao relativismo moral.
Moral contemporânea - Habermas
 A Escola de Frankfurt se ocupa com a crise da razão e busca combater o irracionalismo recuperando a razão emancipadora, defendendo o pluralismo e a tolerância.
 Habermas desenvolve a teoria da ação comunicativa e dentro dela a ética discursiva.
Moral contemporânea - Habermas
 Mesmo sendo kantiano, Habermas vai além da razão reflexiva e desenvolve a razão comunicativa.
 A razão kantiana é monológica e em Habermas, ser sujeito moral pressupõe diálogo, interação mediante a linguagem, o discurso.
Moral contemporânea - Habermas
 Na razão discursiva os sujeitos são capazes de se posicionarem perante a norma e a validade normativa deriva do consenso, da intersubjetividade.
 Dá-se a interação pelo entendimento entre os indivíduos.
 Defende-se a sociabilidade, a cooperação, a solidariedade e o diálogo.
Determinismo e liberdade
 Para Kant é um engano nos considerarmos com liberdade absoluta (princípio do determinismo = tudo está sujeito à lei de causa e efeito).
 O ser humano está preso a determinismos naturais, culturais, econômicos, emocionais, etc. (Hegel).
Determinismo e liberdade
 Piaget admite indiretamente os determinismos quando afirma que não há como uma inteligência normal não passar por estágios (construtivismo).
 A atividade psíquica dá-se do concreto para o abstrato.
 Além dos determinismos psicológicos há os culturais, pois encontramos um mundo moldado que irá nos determinar.
Determinismo e liberdade
 Temos liberdade? O ser humano não é só resultado da situação estabelecida, mas pela consciência pode realizar ações transformadoras, tendo um projeto próprio de ação. Na prática constrói sua liberdade proativamente.
 Como o vento e o mar são utilizados pelo velejador, assim também o homem deve ter uma imaginação criativa e inventiva. A existência do determinismo é a possibilidade da inovação.
Determinismo e liberdade
 Além da consciência lógica, temos uma consciência moral, a capacidade de formular juízos.
 Temos a condição de escolha e essa possibilidade chama-se liberdade.
 A escolha entre o bem e o mal é a responsabilidade.
Quando somos livres?
 Determinismo absoluto: liberdade é uma ilusão, pois sempre somos determinados pela natureza e pela cultura.
 Liberdade absoluta: determinismos não existem, temos liberdade moral de escolha e de ação, temos autodeterminação (Nietzsche, Sartre, Camus, Heidegger e Merleau-Ponty).O homem está condenado a ser livre; a existência precede a essência.
Quando somos livres?
 Relação dialética: o homem é determinado e livre ao mesmo tempo; A liberdade é concreta dentro de um contexto.
 Liberdade é a compreensão da necessidade; podemos transformar entraves em liberdade (Spinoza, Kant, Hegel e Marx).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O PROBLEMA POLÍTICO

 Conceito antigo de política (Platão e Aristóteles): a arte de conviver bem em comunidade;
 Conceito moderno (Maquiavel, Hobbes, Locke, etc.) de política: a arte de chegar ao poder e manter-se nele.
O pensamento político de Platão
 Pode ser encontrado na República, A política e em Leis.
 Depois da desilusão política, Platão defende a sofocracia (governo dos sábios).
 Não defende a democracia, pois essa pode ser a tirania da maioria.
 A pólis justa devia ter harmonia entre as três classes: trabalhadores, soldados e governantes.
 Pela educação se conseguiria um rei sábio.
 Tudo seria em comum: propriedades, filhos, educação, etc.
O pensamento político de Aristóteles
 Analisou 158 constituições.
 Critica o autoritarismo e a utopia de Platão, não concorda com a dissolução da família e defende a propriedade privada.
 A justiça deve ser a virtude por excelência dos cidadãos.
 Há dois tipos de justiça a distributiva (visa a igualdade) e a participativa (visa o acesso ao governo).
 Defende que o governo seja exercido pelos virtuosos (virtude = aretê; virtuoso = aristói): aristocracia.
 A ética visa a felicidade da pessoa; e a política, a cidade feliz.
 Jusnaturalismo: a lei deve ser a expressão política da ordem natural.
 A origem do Estado deve-se à natureza humana (animal gregário).
 Objetivo do Estado: tornar a vida possível, boa e feliz.
 Aristóteles defende também o direito consuetudinário.
 Compartilha da idéia de escravidão (raças inferiores), porém sem crueldade.
A transição de Aristóteles à Maquiavel
 Depois de Platão e Aristóteles a “genialidade grega” perde espaço e os romanos dominam o mundo; mesmo assim a cultura e a língua grega continuaram influentes.
 Politicamente o mundo mudou pouco e o poder político (terrestre) fica sujeito ao poder divino (celeste), até o século XVI.
 Para Agostinho de Hipona o Estado se origina a partir do pecado original.
 Tomás de Aquino concorda com Aristóteles de que o Estado faz parte da natureza social do homem.
 O Estado deve se subordinar à Igreja, como a filosofia à teologia.
A “revolução” de Maquiavel
 A finalidade do Estado não deve ser buscada fora dele (na natureza ou na razão), mas em si mesmo (imanente).
 O Estado não se origina do poder divino, mas de um jogo de paixões e de lutas internas.
 Época das monarquias centralizadoras na, França, Inglaterra, Espanha e Portugal e da ascensão da burguesia.
 A finalidade da política não é a justiça ou o bem comum, mas a tomada e a manutenção do poder.
 O chefe de Estado precisa ter virtudes, não as cristãs, mas aquelas que permitem conservar o poder: astúcia, força, violência, etc. (Os fins justificam os meios).
 Os homens não são anjos, são ruins e interesseiros; seguem suas paixões e esquecem mais rápido a morte da mãe, do que a perda do patrimônio; são desejosos de prazer, falsos, vis, insolentes e maliciosos. Raramente pensam no bem.
 O político não pode fazer um “juramento de bondade”, pois o poder impõe tomada de posição.
 Maquiavel (1468-1527) não separa política e moral, mas põe na base da política uma moral própria.
 Nega fundamentos racionais e religiosos ao Estado e diz que o Estado se utiliza destes.
 Não aceita como legítimo o poder hereditário, somente o conquistado.
 Maquiavel é o primeiro a defender a autonomia da esfera política.
 A política não é a moral nem a sua negação, mas uma força positiva; uma vontade e uma virtude que funda e mantém o Estado.
 Principal obra: O príncipe.
Os Contratualistas
 Com o advento da modernidade racionalista (emancipa-se do papado, nega o direito divino dos reis) e as contribuições de Maquiavel, o absolutismo começa ter problemas.
 A preocupação agora é dar fundamentos racionais e legítimos ao poder do Estado.
 Hobbes (1588-1679), Locke (1632-1704) e Rousseau (1712-1778) defendem que houve um tempo em que os homens viviam em estado de natureza, mas, posteriormente se uniram por contrato (não necessariamente escrito) e criaram a sociedade civil.
 O pacto feito pelos homens torna legítimo o Estado, a sociedade civil.
Hobbes
 De família pobre, manteve contato com Descartes (1596-1650), Francis Bacon (1561-1626) e Galileu Galilei (1564-1642).
 Principal obra: O Leviatã.
 Hobbes vive em um tempo de ódio, guerras, vinganças e medos. Por isso quer oferecer uma teoria que explique esse comportamento humano e também uma concepção de Estado que garante uma associação pacífica entre os homens (no estado de natureza não há segurança e nem paz, “o homem é o lobo do próprio homem”).
 A ordem só será possível mediante um contrato, onde todos abrem mão da liberdade em prol da segurança. O que funda o Estado a dor da guerra e a necessidade de paz.
 Todos devem abrir mão de seus direitos em prol de um soberano que terá poderes absolutos. A liberdade, mesmo que seja pouca, poderá gerar a guerra.
 O soberano não precisa prestar contas a ninguém, pois sua vontade é lei.
 Só o Estado poderá tirar o homem do estado de natureza, da selvageria e conduzi-lo à vida civilizada.
 Uma vez instituído o Estado é absoluto. A divisão do poder real com o parlamento inglês gerou a guerra civil.
Locke
 Era filósofo e médico, pertencente à burguesia. Inspirou a revolução liberal inglesa, européia e americana.
 Discorda de Hobbes quanto à situação de permanente guerra, mas admite o estado de natureza e a sociedade civil.
 O que gerou a sociedade civil foi o instabilidade do direito no estado de natureza, onde cada um podia ser juiz.
 O Estado foi instituído para dar segurança e garantir os direitos naturais: vida, liberdade e propriedade.
 Admite que os governados possam se rebelar caso o governante seja absolutista (ditador, totalitarista).
 Locke considera propriedade tudo aquilo que pertence ao indivíduo: a vida, o corpo, a liberdade, o trabalho, etc.
 Pelo trabalho o homem tem direito ao acúmulo de bens (Locke não percebe que isso permite o desequilíbrio social e o estado de classes).
 Locke parece não perceber que na prática só quem tem bens pode gozar de cidadania plena e por isso defendem a preservação da propriedade.
 O liberalismo traz em sua raiz um certo elitismo onde só os de fortuna se tornam governantes.
 Principal obra: Dois tratados sobre o governo civil.
Rousseau
 Foi o precursor da revolução francesa em virtude de suas idéias liberais; tem influências no romantismo (o bom selvagem) e na pedagogia moderna (Emílio).
 Principal obra política: Do contrato social.
 A sociedade civil se instaura graças ao estado de natureza e o contrato social.
 Distingue soberania e governo: o governo não é soberano, sua soberania vem da vontade geral.
 Em estado de natureza os homens eram bons, mas a apropriação da propriedade trouxe a escravidão e a miséria. Há que se romper com esse contrato e criar outro.
 No novo contrato o associado nada perde, embora abra mão de alguns direitos, pois ainda mantém a soberania.
 Soberano é o corpo coletivo que expressa pela lei a vontade geral. Todo ato legislador é ratificado pelo povo; a democracia é direta via assembléias freqüentes de todos os cidadãos.
 Os depositários do poder não senhores de povo, mas seus oficiais, podendo ser constituídos e destituídos, inclusive porque a rotatividade é uma necessidade.
 O cidadão é legislador e súdito ao mesmo tempo. Sendo o povo a única fonte do direito, os governantes não gozam da autoridade definitiva.
O marxismo
 O pensamento de Karl Marx (1818-1883), como o de Maquiavel, representa uma revolução política. Maquiavel combateu a teologia política e Marx o liberalismo.
 Entendendo o liberalismo: Surge uma nova classe social (burguesia) a qual pretende chegar ao poder derrubando a monarquia.
 O primeiro passo será mostrar que o poder burguês é mais legítimo (advêm do trabalho) que o poder dos reis (hereditário).
 Segundo, mostrar que a propriedade (bens) são uma instituição divina (Calvino defende a riqueza como bênção divina).
 A falta de posses (pobreza) deve-se ao esbanjamento ou à preguiça; os pobres são culpados por sua condição.
 Essas idéias liberais permitem a derrubada do antigo regime (teocrático e absolutista).
 O liberalismo defende que é tarefa do Estado: A) Garantir o direito à propriedade; B) Arbitrar os conflitos e C) Gerir o erário público.
 Configuram-se os três poderes e as formas de governo (monarquia parlamentar, república e democracia representativa).
 O Estado dispõe de um aparato de segurança, exército e policia, e outros servidores públicos.
 O desafio que o liberalismo não venceu foi possibilitar inclusão social e cidadania plena (excluiu pobres, trabalhadores e mulheres).
 O liberalismo separa Estado (estabelece e aplica leis) e Sociedade civil (conjunto de relações diversas).
 Na sociedade civil os cidadãos se diferenciam pelos seus bens (classes sociais) e ao Estado cabe garantir aos cidadãos a posse dos seus bens.
O Socialismo (marxismo, comunismo)
 Evoluiu do socialismo utópico (Morus, Campanella, Saint-Simon) para o anarquista (Proudhon e Bakunin) e posteriormente para o científico (Feuerbach, Marx e Engels).
 Entendem os socialistas que o Estado é o responsável pelas desigualdades sociais.
 Marx é o maior expoente do socialismo científico.
 Observou a sociedade e percebeu a contradição entre a riqueza e a opulências dos patrões e a misérias dos empregados.
 Analisa o capitalismo do ponto de vista político, econômico e filosófico e classifica-o como injusto.
 Defende que a vida do homem está ligada ao modo como lida com a produção (materialismo histórico).
 Valores, instituições, literatura, ciência e religião são configuradas conforme o modo de produção da sociedade.
 Contrapondo-se ao idealismo, Marx diz que ao movimentar-se o homem tem os pés no chão e não cabeça.
 Por materialismo dialético entende-se o fato da consciência do homem não ser passiva, mas interagir no processo de sua formação.
 A sociedade se constitui a partir das condições materiais de produção.
 O que caracteriza a existência humana é o seu modo de produção e o empregado ao vender sua força de trabalho se reduz à condição de mercadoria.
 O Estado se compõe de infra-estrutura (é a base econômica: proprietários e não-proprietários) e superestrutura (jurídico-política: Estado e direito; e ideológica: literatura, arte, ciência, religião, etc.).
 O Estado está a serviço da classe dominante e através da estrutura ideológica submete a classe dominada impedindo que ela se conscientize de sua condição.
 Para Marx o motor da história não é o feito dos grandes homens, mas a luta de classes.
 As relações de produção (como o trabalho se organiza) dependem das condições naturais e culturais, e das forças produtivas: O modo capitalista objetiva a venda de mercadorias.
 A posse daquilo que o “homem mercadoria” produziu em excesso chama-se “mais-valia”.
 O ritmo do trabalho nem sempre é o da natureza humana e, pois não é o funcionário quem projeta seu trabalho, apenas executa-o.
 O produto do trabalho é subtraído do trabalhador, o qual não se reconhece mais naquilo que faz e o produto acaba ganhando valor por si (“fetichismo da mercadoria”, a mercadoria ganha vida própria e o homem se torna “coisificado”).
 a ideologia capitalista não deixa o empregado perceber essa inversão.
 O que distingue o homem não é sua natureza social e política, mas a capacidade de produzir as condições (material, intelectual e cultural) de sua existência.
 O homens fazem sua história: são o que produzem e como produzem (Engels: “O homem é aquilo que come”).
 Ao produzir não escolhem as condições, mas são determinados historicamente.
 Marx analisa diversas sociedade (familiar, tribal, feudal, estatal e industrial) e conclui que no Estado moderno o poder político se funda na vontade e pela vontade dos proprietários.
 Só aparentemente o Estado visa o bem comum, na realidade serve à classe dominante e por isso deve ser extinto.
 Marx conclama os trabalhadores para a práxis (ação humana que transforma a realidade), pois o importante não compreender o mundo, mas transformá-lo.
 O que distingue o homem não é sua natureza social e política, mas a capacidade de produzir as condições (material, intelectual e cultural) de sua existência.
 O homens fazem sua história: são o que produzem e como produzem (Engels: “O homem é aquilo que come”).
 Ao produzir não escolhem as condições, mas são determinados historicamente.
 Marx analisa diversas sociedade (familiar, tribal, feudal, estatal e industrial) e conclui que no Estado moderno o poder político se funda na vontade e pela vontade dos proprietários.
 Só aparentemente o Estado visa o bem comum, na realidade serve à classe dominante e por isso deve ser extinto.
 Marx conclama os trabalhadores para a práxis (ação humana que transforma a realidade), pois o importante não compreender o mundo, mas transformá-lo.
 Um dos maiores seguidores de Marx foi Lênin, o qual implantou na Rússia um marxismo contrário daquele pensado por Marx, onde o poder seria dado aos trabalhadores e não ao Estado.
 Lênin não estabelece o poder nas mãos dos trabalhadores, mas não mãos do partido, fato que Marx não havia imaginado.
 A revolução só deveria ocorrer quando acabassem as possibilidades econômicas e políticas da burguesia e a classe trabalhadora se organizasse.
 A Rússia aderiu a um sistema totalitário de poder e nessa esteira veio Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, China e Cuba.
 O totalitarismo também teve reflexos na América Latina: Brasil, Chile e Paraguai.
 No totalitarismo o Estado assume e controla todas as instituições da sociedade.
 A forma mais conhecida é o nazifascismo (extremista, hostil à democracia).
 Stalin destruiu todas as teses marxistas e a URSS permaneceu totalitária até 1980 (assista o filme “Stalin”).
 Na China a agricultura, a indústria e o comércio foram coletivizados, por um marxismo maoísta.
 O mundo do século XX se dividiu em dois blocos (guerra fria) entre capitalistas e comunistas.
 Surgiu no ocidente a idéia de Estado de Bem-estar Social, defendendo o capitalismo contra o perigo comunista.
 Visando evitar que o Terceiro Mundo se tornasse comunista criou-se o Banco Mundial e o FMI que lhe socorriam nas necessidades sociais, por um lado e por outro lado faziam espionagem e apoiavam os militares contra as revoluções populares (surgem as ditaduras).
A escola de Frankfurt
Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt
 Fundada por Felix Weil em 22.06.1924 e tendo como primeiro diretor Karl Grünberg.
 Maiores expoentes: Adorno, Horkheimer, Benjamin, Marcuse, Erich Fromm e Habermas.
 Desenvolve a Teoria Crítica da Sociedade: compreensão global da sociedade visando um quadro total da realidade (filosofia, sociologia, economia, história, psicologia e antropologia).
 Partiram da teoria marxista revisada e têm influência de Kant, Hegel, Freud, Weber, Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger.
 Influenciou os movimentos culturais de nosso tempo com os conceitos de sociedade de massas, tecnologia como instrumento do sistema capitalista com ênfase no consumo e na diversão visando minimizar os problemas sociais (pão e circo).
Adorno (1903-1960) e Horkheimer (1895-1973)
 Fazem uma crítica da razão iluminista, vista como instrumento de dominação pelo desenvolvimento técnico-industrial.
 São pessimistas em relação à mudança da sociedade.
 A consciência sucumbiu e está alienada pela indústria cultural, pela diversão vulgar através do rádio, cinema, tv, jornais, etc. que homogeneizou comportamentos e massificou pessoas.
 A razão tornou-se controladora e instrumental.
Walter Benjamin (1892-1940)
 Vê com otimismo a indústria cultural, pois a reprodução tornou a arte politizadora acessível às massas.
 Tentou conciliar princípios marxistas e judaicos.
Jürgen Habermas (1929 - )
 É o autor de maior influência nas questões atuais.
 Acredita que a modernidade ainda não cumpriu o seu projeto.
 Propõe uma retomada do projeto emancipatório em novas bases (razão dialógica).
 A razão dialógica nasce do diálogo, da argumentação e do consenso.
 É a razão da ação comunicativa que fortalece as liberdades.
 Rompe com as lacunas de seus antecessores como Marx (a idéia da centralidade do trabalho).
 Razão, verdade, sociedade e democracia deixam de ser absolutos e passam a ser definidos consensualmente, comunitariamente.

quinta-feira, 3 de março de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O conto do sábio chinês

HELEN KELLER
A vida de Helen Adams Keller é a história de uma criança que aos dezoito meses de idade ficou cega e surda e de sua luta árdua e vitoriosa para se integrar na sociedade, tornando-se além de célebre escritora, filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo trabalho incessante que desenvolveu para o bem estar das pessoas portadoras de deficiências.
Nasceu em 27 de junho de 1880 em Tuscumbia, Alabama, descendendo de família tradicional do Sul dos Estados Unidos. Seu pai, Capitão Arthur Keller, era homem de influência em sua comunidade, editor do Jornal “The Tuscumbia Alabamian” e foi nomeado Prefeito do Alabama do Norte em 1885.
Helen Keller perdeu subitamente a visão e a audição devido a uma doença que foi diagnosticada naquela época, como febre cerebral, sendo provável que tenha sido escarlatina. Passou os primeiros anos de sua infância sem orientação adequada que lhe permitisse desenvolver-se aprendendo sobre o mundo ao seu redor.
Alguns meses antes de Helen completar 7 anos de idade, Anne Sullivan, uma professora de vinte e um anos, foi morar em sua casa para ensiná-la. A chegada de Anne na casa de Helen deu-se no dia 3 do março de 1887.
A professora Anne Sullivan havia estudado na Escola Perkins para cegos (Perkins School for the Blind) pois, quando criança tinha sido cega, mas recuperou a visão através de nove operações. Sua indicação para ensinar Helen foi feita por Alexander Graham Bell, que havia sido procurado pelos pais de Helen. Desde essa época, professora e aluna, tornaram-se inseparáveis até a morte de Anne Sullivan em 1935.
Até a chegada da professora, Helen Keller ainda não falava e não compreendia o significado das coisas.
Anne Sullivan assumiu a tarefa de ensinar Helen e para isso necessitou de muita coragem e persistência. As alunas cegas da Escola Perkins fizeram-lhe uma boneca pare levar a Helen. o vestido dessa boneca foi feito por Laura Bridgman, primeira cega-surda educada na Perkins. Anne Sullivan iniciou seu trabalho com Helen utilizando a boneca e tentando relacionar o objeto à palavra através da soletração da palavra “BONECA” pelo alfabeto manual. Helen logo aprendeu a repetir as letras corretamente, mas não sabia que as palavras significavam coisas. Aprendeu através desse método, um tanto incompreensível para ela, a soletrar, com o uso das mãos, varias palavras.
No dia 5 do abril de 1887 Helen e sua professora estavam no quintal da casa, perto de um poço, bombeando água. A professora Sullivan colocou a mão de Helen na água fria e sobre a outra mão soletrou a palavra “água” primeiro vagarosamente, depois rapidamente. De repente, os sinais atingiram a consciência de Helen agora com um significado. Ela aprendeu que “água” significava algo frio e fresco que escorria entre suas mãos. A seguir, tocou a terra e pediu o nome daquilo e, ao anoitecer já havia relacionado trinta palavras a seus significados.
Este foi o começo da educação de Helen Keller. Numa sucessão rápida ela aprendeu os alfabetos braille e manual, facilitando assim, sua aprendizagem da escrita e leitura. Em 1890 ela surpreendeu a “Professora” (como chamava à Anne Sullivan) pedindo para aprender a falar. Helen Keller aprendeu a falar aos dez anos. “Eu tinha dez anos quando Annie *Annie é o tratamento familiar de Anne* me levou a primeira lição de linguagem falada em casa de Miss Sarah Fuller (Diretoria da Escola de Surdos Horace Mann). Os poucos sons que eu então produzia, eram ruídos inexpressivos, quase sempre roucos, pelo esforço que empregava para obtê-los. Pondo minha mão em seu rosto, para que eu sentisse a vibração de sua voz, Miss Fuller ia repetindo vagarosamente e muito claro, o som *ahm*, enquanto Miss Sullivan soletrava a palavra *ahm* na minha mão. Eu ia imitando como podia, conseguindo ao fim de algum tempo, articular o som a contento da mestra. Ao final de minha décima primeira lição, fiz uma surpresa para Annie, puxei-a pelo braço, coloquei a posição da língua e disse claramente: “EU NÃO SOU MAIS MUDA”.
Sob a orientação de Anne Sullivan, matriculou-se no Instituto Horace Mann para Surdos de Boston e depois na Escola Wright-Humason Oral de Nova Yorque onde, durante dois anos, recebeu lições de linguagem falada e de leitura pelos lábios.
Helen Keller além de aprender a ler, escrever e falar demonstrou, também, excepcional eficiência no estudo das disciplinas do currículo regular.
Quando pequena, Helen Keller costumava dizer: “Algum dia cursarei uma faculdade” e de fato cursou. E 1898 entrou na Escola Cambridge para Moças; em 1900, para a Universidade Radcliffe onde, em 1904, recebeu seu diploma de bacharel em filosofia. Durante seu período de estudante a professora Anne Sullivan foi sua orientadora constante transmitindo todas as aulas para Helen, através do alfabeto manual, encorajando-a e estimulando-a. Todos os livros de consulta que não existiam em braille eram laboriosamente soletrados nas mãos de Helen. Além das aulas da Universidade, Anne soletrava aulas de francês, latim e alemão.
Com a obtenção de seu grau de bacharel, acabaram-se os dias de educação formal de Helen. Todavia, através de toda sua vida, continuou a estudar e manter-se informada sobre todos os assuntos de importância para o mundo moderno. Em reconhecimento de sua capacidade e realizações acadêmicas, Helen Keller recebeu títulos e diplomas honorários das Universidades Temple e de Harward e das Universidades da Escócia (Glasgow)! Alemanha (Berlim), índia (Nova Delhi) e de Witwaterstrand (Johannesburg. África do Sul).
Em 1905 a professora Anne Sullivan casou-se com John A. Macy, eminente critico literário. O casamento não interrompeu o relacionamento de aluna e professora. Helen Keller foi morar com o casal que continuou auxiliando-a em seus estudos e outras atividades. Antes de se formar Helen Keller fez sua estréia na literatura escrevendo sua autobiografia “A História de Minha Vida”, publicada em 1902, e em seguida no jornalismo com uma serie de artigos no “Ladies Home Journal”. A partir dessa data não parou mais de escrever. Em seus trabalhos literários Helen usava a máquina de datilografia braille preparando os manuscritos e depois copiava-os numa máquina de datilografia comum.
Escreveu inúmeros artigos para revistas e alem da “História de Minha Vida”, escreveu vários livros entre os quais:
“Otimismo - um ensaio”
“A Canção do Muro de Pedra”
“O Mundo em que Vivo”
“Lutando Contra as Trevas” (Minha professora Anne Sullivan Macy).
“Minha Religião”
“Minha Vida de Mulher”
“Paz no Crepúsculo”
“Helen Keller na Escócia”
“O Diário de Helen Keller”
“Vamos ter Fé”
“Dedicação de Uma Vida”
“A Porta Aberta”
Seus livros foram transcritos em várias línguas. Em 1954, “A História de Minha Vida”, após cinqüenta anos de sua primeira publicação como livro, foi traduzido em cinqüenta línguas.
Poucos anos antes de sua morte, Mark Twain disse: “As duas personalidades mais interessantes do Século XIX são Napoleão e Helen Keller”.
William James escreveu sobre Helen Keller: “Mas o que quer que você tenha sido ou é, você é uma benção. Sou capaz de matar a quem disser que não”.
Esses sentimentos expressos por dois amigos de sua juventude foram partilhados durante anos por homens e mulheres famosos e proeminentes de todo o mundo, cuja amizade Helen Keller manteve.
Helen Keller recebeu numerosos prêmios de grande distinção. Em junho de 1952 foi feita Cavaleiro da Legião de Honra da França.
Em reconhecimento ao estimulo que seu exemplo e presença deram aos trabalhos para cegos nos paises que visitou, os governos do Brasil, Japão, Filipinas e Líbano conferiram-lhe, respectivamente, as seguintes condecorações: Ordem do Cruzeiro do Sul, do Tesouro Sagrado, do Coração de Ouro e Medalha de Ouro de Mérito.
Helen Keller recebeu também, o Prêmio Américas para a União Interamericana, o premio Medalha de Ouro do Instituto Nacional de Ciências Sociais e outros.
Tornou-se membro honorária de sociedades científicas e organizações filantrópicas dos cinco continentes.
No Qüinquagésimo aniversário de sua graduação, a Universidade Radcliffe outorgou-lhe o “Prêmio Destaque a Aluno”.
Uma grande honraria foi também concedida a Helen Keller, em 1954, quando seu local de nascimento, Ivy Green, em Tuscumbia, foi transformado em museu permanente. A cerimônia realizou-se em 7 de maio de 1954, com a presença de diretores da American Foundation for the Blind e de outras autoridades. Juntamente com esse acontecimento, realizou-se, também, a premier do filme biográfico de Helen Keller, “Os Inconquistados” o filme posteriormente recebeu novo titulo “Helen Keller e sua História”. Em 1955 esse filme ganhou o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, como o melhor documentário de longa metragem do ano.
Mais compensadoras do que as inúmeras honrarias que recebeu foram as relações de amizades que Helen Keller fez com a maioria das personalidades proeminentes de seu tempo. Eram algumas figuras famosas, de Grover Cleveland a Charlie Chaplin, de Nerhu a John F. Kennedy e outros como Katherine Corvell, Van Wyck Brooks, Alexander Graham Bell e Jo Davidson, aos quais ela considerava amigos.
Por mais diversos que fossem seus interesses, Helen Keller nunca esqueceu as necessidades das pessoas cegas e surdo-cegas. Desde sua juventude, sempre esteve disposta a trabalhar pelo seu bem estar comparecendo perante governos, dando conferências, escrevendo artigos e sobretudo, pelo exemplo pessoal do que uma pessoa severamente prejudicada pode alcançar.
Quando a American Foundation for the Blind, a instituição nacional para informação sobre cegueira, foi fundada em 1921, ela finalmente teve um efetivo instrumento nacional para dar vazão aos seus esforços. De 1924 até sua morte ela foi membro do “staff” da Foundation, servindo como conselheira em relações internacionais e nacionais. Foi também em 1924 que Helen Keller começou sua campanha para levantar o “Fundo Helen Keller” para a Foundation. Até a sua aposentadoria da vida pública, ela foi incansável em seus esforços para que esse Fundo tivesse os recursos necessários para garantir programas de educação e reabilitação de cegos e surdo-cegos.
De todas as suas contribuições para a Foundation, Helen Keller talvez sentisse mais orgulho de sua assistência na formação de um serviço especial para pessoas surdo-cegas, em 1946.
Helen Keller, porém, estava tão interessada no bem estar das pessoas cegas de outros países quanto aquelas do seu próprio país; as condições nas nações subdesenvolvidas e em guerra eram particularmente preocupantes. Sua participação ativa nessa Área de trabalho para os cegos começou em 1915, quando o Fundo Permanente de Ajuda aos Cegos de Guerra, posteriormente chamado - Imprensa Braille Americana - bi fundado. E foi membro de sua primeira junta de diretores.
Quando a Imprensa Braille Americana transformou-se na American Foundation for Overseas Blind (hoje Helen Keller International Incorporated) em 1946, Helen Keller foi eleita conselheira em relações internacionais. Foi então que ela começou suas viagens pelo mundo, em beneficio dos cegos, fato esse que a tornou bem conhecida em seus últimos anos de vida. Durante sete viagens entre 1946 e 1957, em visitou 35 paises em cinco continentes. Em 1953 Helen Keller esteve no Brasil a convite oficial do governo brasileiro e da Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Realizou visitas e palestras no Rio de Janeiro e em São Paulo e seu exemplo estimulou e deu grande impulso à educação e à reabilitação de cegos no Brasil.
De 3 a 10 de maio, Helen Keller realizou um programa vasto de palestras, visitas e entrevistas ra cidade do Rio de Janeiro.
Visitou o Colégio Bennett para alunas brasileiras e americanas onde realizou palestras e visitou também o Instituto Benjamin Constant para Cegos onde recebeu carinhosas homenagens dos alunos e funcionários daquele Instituto. Esteve também em visita ao Palácio do Itamarati e ao Instituto Brasil Estados Unidos.
Helen Keller realizou inúmeras palestras no Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, na Escola de Filosofia da Universidade Nacional do Brasil e no Instituto da Universidade Nacional.
Foi homenageada pele Embaixador dos Estados Unidos no Brasil e recepcionada na Legião Brasileira de Assistência, onde recebeu o titulo de Membro Honorário dessa organização.
Helen Keller recebeu ainda homenagem de pessoas cegas do interior do Brasil que viajaram 400 milhas para vê-la e deu entrevistas a todos os órgãos da Imprensa.
Durante o período em que esteve em São Paulo, de 11 a 16 de maio de 1953, Helen Keller visitou:a Faculdade de Higiene e Saúde Pública do Universidade de São Paulo, Instituto Santa Terezinha para Crianças Surdas, Instituto para Cegos “Padre Chico” Federação de Cegos Laboriosos, Instituto de Educação “Caetano de Campos”, Instituto Butantã, Horto Florestal, Prédio do Banco do Estado, Orquidário do Estado, fez uma viagem a Santos e visitou uma fazenda de café.
Uma mesa redonda realizada com sua presença na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo deu erigem à criação, no SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), de um Serviço de Orientação e Colocação Profissional de Cegos que hoje já colocou nas indústrias de São Paulo grande número de deficientes da visão.
Realizou uma palestra no Hospital dos Clínicas, para doutores e estudantes dos Departamentos de Oftalmologia e Otorrinolaringologia. Nesta palestra onde estiveram presentes cerca de 550 pessoas, alguém perguntou a Helen Keller:
-- “O que você gostaria mais de ver, se Deus lhe desse visão por cinco minutos?” Helen Keller respondeu:
-- “As flores, o pôr do sol e o rosto de uma criança”.
Helen Keller foi recepcionada pelo então Governador de São Paulo, pela União Cultural Brasil-Estados Unidos e pela Fundação para o Livro do Cego no Brasil.
A Ultima homenagem que lhe foi prestada no Brasil realizou-se no Teatro de Cultura Artística com a presença de inúmeras pessoas, entre elas o Governador do Estado, professores de Faculdade e altas personalidades. Nessa ocasião foi criado o Comitê de assistência aos Cegos da Associação Pan-Americana de Oftalmologia e Helen Keller, juntamente com d. Dorina do Gouvea Nowill foram empossadas nos cargos de Presidente e Co-Presidente respectivamente.
Em 1955, quando tinha 75 anos, Helen Keller realizou mais uma de suas longas e árduas viagens, percorrendo 40.000 milhas, durante cinco meses, através da Ásia. Por onde viajou, sempre levou uma nova coragem para milhares de pessoas cegas e muitos dos esforços para melhorar as condições entre os cegos no mundo podem ser atribuídos diretamente as suas visitas.
Durante sua vida, Helen Keller viveu em vários lugares diferentes: Tuscumbia, Alabama; Cambridge e Wrentham, Massachusetts; Forest Hills, Nova Yorque, mas talvez sua residência favorita tenha sido a última, a casa em Westport, Connecticut, chamada “Arcan Ridge”, de estrutura branca, para onde se mudou, após a morte de Anne Sullivan. E foi “Arcan Ridge”, que ela chamou do lar pelo resto de sua vida. Após a morte da “Professora”, Polly Thomson, uma senhora escocesa que já vivia em casa de Helen Keller desde 1914, assumiu a tarefa de auxiliá-la em seu trabalho. Após a morte de Polly Thomson, em 1960, uma companheira e enfermeira, a Sra Winifred Corbally, assistiu-a até seu último dia.
Helen Keller fez suas ultima aparição em público num encontro do Lions Club de Washington, D.C. Nesse encontro ela recebeu o “Prêmio Humanitário Lions” por sua vida dedicada a servir a humanidade e por inspirar a adoção de programas de ajuda aos cegos e conservação da visão do Lions International. Durante sua viagem a Washington, foi recebida pelo Presidente Kennedy. Na ocasião, um repórter perguntou quantos presidentes havia conhecido e Helen Keller respondeu que não sabia quantos, mas que conheceu a todos desde Grover Cleveland.
Após 1961, Helen Keller viveu tranqüilamente em “Arcan Ridge”, onde recebia a família, amigos íntimos e membros da American Foundation for the Blind e da American Foundation for Overseas Blind (hoje Helen Keller International Incorporated). Passava a maior parte do seu tempo lendo. Seus livros favoritos foram a Bíblia e volumes de poesia e filosofia.
Apesar de seu afastamento da vida pública, Helen Keller não foi esquecida. Em 1964 recebeu a “Medalha Presidencial da Liberdade”, a maior honra de seu país.
Em 1965, foi uma das vinte eleitas para o Hall da Fama Feminina, na Feira Mundial de Nova Yorque. Helen Keller e Eleanor Roosevelt receberam a maioria dos votos entre as cem mulheres indicadas.
Helen Keller faleceu em 19 de junho de 1968, em “Arcan Ridge”, algumas semanas antes de completar 88 anos. Suas cinzas foram depositadas no lado das de Anne Sullivan Macy e Polly Thomson na Capela de São José, na Catedral de Washington. A cerimônia compareceram sua família e amigos, autoridades do governo, pessoas proeminentes de todos os setores e delegações da maioria das organizações para cegos e surdos.
No seu último adeus, o Senador Lister Hill, do Alabama, expressou os sentimentos de todo o mundo quando disse a respeito de Helen Keller:
- “Ela viverá; ela foi um dos poucos nomes, imortais, que não nasceu para morrer. Seu espírito perdurará enquanto o homem puder ler e história puderem ser contadas sobre a mulher que mostrou ao mundo que não existem limitações para a coragem e a fé”.
Helen Keller foi por si mesma uma grande obra de educação, pois dedicou sua vida ao trabalho para o bem estar das pessoas cegas e surdo-cegas, influenciando na criação de legislação e serviços especializados.
E por tudo isso ela foi chamada por seus amigos americanos “A primeira mulher de coragem do mundo”.
Os escritos e pensamentos de Helen Keller traduzem espírito de coragem e força de vontade.
Estas são algumas freses extraídas de suas obras:
“Não há melhor maneira de agradecer a Deus pela visão, do que dar ajuda a alguém que não a possui”.
“Se metade do dinheiro hoje gasto em curar cegueira, fosse utilizado em preveni-la, a sociedade ganharia em termos de economia sem mencionar considerações de felicidade para a humanidade”.
“Que toda criança cega tenha oportunidade de receber educação e todo adulto cego, uma oportunidade para treinamento e trabalho útil”,
“Quando uma porta de felicidade fecha-se, uma outra se abre; mas muitas vezes, nós olhamos tão demoradamente para a porta fechada que não podemos ver aquela que se abriu diante de nós”.
“É maravilhoso ter ouvidos e olhos na alma. Isto completa a alegria de viver”.
“Não há barreiras que o ser humano não possa transpor”.
“Por muitos anos, não dispusemos de criada alguma, por falta de recursos. Aprendi a fazer tudo o que podia, para ajudar minha professora. Todas as manhãs, ela levava o marido de carro à estação, onde ele tomava o trem pata Boston, para depois se ocupar das compras. Eu tirava a mesa, lavava a louça e arrumava os quartos. Podiam estar clamando por mim montanhas de cartas, livros e artigos para escrever, mas, a casa era a casa, alguém tinha de fazer as camas, colher flores, catar lenha, pôr o moinho de vento a andar e pará-lo quando a caixa estivesse cheia, enfim, ter em mente essas coisas imperceptíveis que fazem a felicidade da família. Quem gosta de trabalhar sabe como é agradável a gente estar ajudando as pessoas a quem estimamos nas tarefas diárias de casa”.

FONTES DE CONSULTA
AMERICAN FOUNDATION FOR THE BLIND, INC. - Helen Keller ENCICLOPÉDIA SARSA - RJ/SP. Encyclopedia Britannica Editores Ltda, 1967
FUNDAQAO PARA O LIVRO DO CEGO NO BRASIL - Arquivos ENCICLOPÉDIA GLOBO - R.S., Globo, 1969 ENCICLOPCDIA OBJETIVA UNIVERSAL. SP/RJIPR, Expel Distribuição exclusiva, s/d
KELLER, Helen - Lutando contra as trevas. RJ, Fundo de Cultura, C. 1957.

Extraído do site: http://helenkeller1880.vilabol.uol.com.br/ em 31.01.11, às 10:29.