domingo, 28 de outubro de 2012

Escola de Frankfurt


ESCOLA DE FRANKFURTTEORIA CRÍTICA
                     Histórico
1923 –  abertura do Instituto de Pesquisa Social, por Félix Weil, filiado à Universidade de Frankfurt.
1930 -   Max Horkheimer assume a direção do Instituto.
1933 – o Instituto (Escola de Frankfurt) é fechado pelo Estado nazi, que considera suas atividades hostis ao Estado.
Os principais membros da Escola emigram para Paris e, posteriormente,  para Nova Iorque.
1940 -  Nos Estados Unidos, é criado o Institute of Social Research.
1950 -  O Instituto de Pesquisa Social é reaberto na Alemanha.
                     Principais teóricos

Theodor Adorno
Max Horkheimer
Herbert Marcuse
Walter Benjamin
Jürgen Habermas  


TEORIA CRÍTICA: PROPOSTAS GERAIS
                     Os frankfurtianos elaboram uma teoria crítica das sociedades contemporâneas, especificamente dos desdobramentos do capitalismo aliado à técnica e aos seus impactos sobre a vida dos indivíduos.
                     Analisam o sistema da economia de mercado, abordando questões como: desemprego, crises econômicas, terrorismo, anti-semitismo, condição global das massas, mercantilização da cultura.  
                     Propõem temáticas novas através da análise de fenômenos superestruturais e do comportamento coletivo nas sociedades capitalistas industrializadas.
                     Em nome da racionalização, os processos sociais são dominados pela ótica da ciência aliada à técnica, traduzida como racionalidade da dominação da natureza para fins lucrativos.      
                     Denunciam a separação e oposição do indivíduo em relação à sociedade.
                     Criticam a dominação dos indivíduos nos Estados  capitalista e fascista.
                     Apontam o positivismo como estratégia de manutenção e reprodução do status quo.
                     Defendem a atividade reflexiva como solução da reorganização  racional da sociedade, embora não apresentem soluções práticas para os impasses engendrados pelo capitalismo aliado à industrialização.
                     As teses postuladas pelos frankfurtianos enfatizam o papel central que a ideologia desempenha em formas de comunicação nas sociedades urbanas modernas. E apontam a mídia como agente da barbárie cultural, veículos propagadores da ideologia das classes dominantes, imposta às classes subalternas pela persuasão ou manipulação.
                     Entendem as pesquisas setoriais e a mídia como instrumentos de manutenção do sistema, através da reprodução de modelos e valores sociais.  

Indústria Cultural
                     Expressão utilizada por Adorno e Horkheimer na Dialética do Iluminismo (1947) no capítulo, “A Indústria Cultural: O Iluminismo como Mistificação das Massas”, em substituição do termo “cultura de massas”, para designar a produção e difusão de bens simbólicos em escala industrial.
                     Para Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural, como subsistema da sociedade capitalista, reproduz a sua ideologia e estrutura.
                     A Indústria Cultural configura produtos veiculados pelos mass media. Portanto, não designa peças culturais provindas da elite nem da população menos favorecida.
                     As reflexões de Adorno e Horkheimer se assentam na constatação de que a sociedade industrial não realizou as promessas do iluminismo humanista. Pois o desenvolvimento da técnica e da ciência não trouxe um acréscimo de felicidade e liberdade para o Homem.
                     Ao invés de libertar o Homem, o progresso da técnica acabou por escravizá-lo, alienando-o.
                     A reprodutibilidade técnica retirou, tanto da cultura popular, como da cultura erudita, o seu valor real. O resultado, a indústria cultural, não conduz à experiência libertadora da fruição estética.
                     O princípio da reprodução deformaria a obra, nivelando-a por baixo. Por exemplo: adaptações de livros a filmes, que são adocicadas para se tornar mais apetecíveis ao consumo.
                     Para os frankfurtianos, os produtos da Indústria Cultural teriam 3 funções:
(1)                Ser comercializados;
(2)                Promover a deturpação e a degradação do gosto popular;
(3)                Obter uma atitude passiva dos consumidores.

Críticas à Indústria Cultural
                     “Aquilo que a indústria cultural oferece de continuamente novo não é mais do que a representação, sob formas sempre diferentes, de algo que é sempre igual” (Adorno, 1967, 8).
                     O sistema condiciona o tipo, a qualidade e a função do consumo na sociedade.
                     A indústria cultural provoca a homogeneização dos padrões de gosto.
                     O indivíduo deixa de decidir autonomamente. O conflito soluciona-se com a adesão acrítica de valores impostos.
                     À medida que a indústria cultural se consolida, mais adquire poder sobre as necessidades do consumidor, guiando-o e disciplinando-o. “O consumidor não é soberano, como a indústria cultural queria fazer crer, não é o sujeito, mas o seu objeto” (ADORNO, 1967, p. 6).
                     A individualidade é substituída pela pseudo-Individualidade. A ubiquidade[1], a repetitividade e a estandardização da indústria cultural  fazem da moderna cultura de massa um meio de controle inédito. 
                     O espectador não deve agir pela sua própria cabeça: o produto prescreve todas as reações: não pelo seu contexto objectivo que desaparece mal se volta para a faculdade de pensar – mas através de sinais. Qualquer conexão lógica que exija perspicácia intelectual, é escrupulosamente evitada (Horkheimer; Adorno, 1947: 148).
                     “A sociedade é sempre a vencedora e o indivíduo não passa de um fantoche manipulado pelas normas sociais” Adorno apud Wolf (1994, 77).
                     Os produtos da indústria cultural paralisam a imaginação e a espontaneidade, impedindo a atividade mental do indivíduo.
                     A indústria cultural reflete o modelo do mecanismo econômico, que domina o tempo de trabalho e de lazer.
                     A estrutura multiestratificada das mensagens reflete a estratégia de manipulação da indústria cultural.
                     A recepção das mensagens da mídia escapam ao controle da consciência. O espectador absorve ordens, indicações, proibições, sem senso crítico.
                     Uma das estratégias de dominação da indústria cultural é a estereotipização, modelos simplificados indispensáveis para organizar e antecipar as experiências humanas.
                     A divisão dos produtos em gêneros conduz ao desenvolvimento de formas fixas e  impõe modelos estabelecidos de expectativas.
                     Os sujeitos encontram-se privados da verdadeira compreensão da realidade e da experiência de vida pelo uso constante de óculos esfumaçados, oferecidos pelo sistema através da indústria cultural.
                     O espectador olha (...) tudo se desenrola diante dos seus olhos, mas ele não pode tocar, aderir corporalmente àquilo que contempla. Em compensação, o olho do espectador está em toda a parte (...) sempre vê tudo em plano aproximado (...) mesmo o que está mais próximo está infinitamente distante da imagem, sempre presente, é verdade, nunca materializada. Ele participa do espectáculo, mas a sua participação é sempre pelo intermédio do corifeu (diretor de coros), mediador, jornalista, locutor, fotógrafo, cameraman, herói imaginário” (Edgar Morin, Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo, p. 74).



[1] Ao mesmo tempo em toda parte.