ARTE E SOCIEDADE
Indústria cultural e Cultura de massa
Tópicos:
A arte tornou-se produto
A relação capitalismo e obra de arte
A reprodutividade técnica
A cultura de massa
A indústria cultural
Interesses ideológicos
Os meios de comunicação social
Arte e sociedade
A arte sofre transformações e ganha autonomia: a finalidade é ela mesma.
As transformações foram no (1) estilo: técnica, procedimentos e relação com o público;
E foram também (2) determinantes e determinadas pela sociedade.
Há duas posições opostas em relação à arte, (a) o valor está nela mesma, “arte pela arte” e (b) a arte tem de ser engajada, comprometida com mudanças sociais (históricas, sociais, políticas e econômicas).
A primeira imagina o fazer artístico desprovido de raízes.
A segunda esvazia a arte em prol da mensagem.
Walter Benjamin (1892-1940) faz uma análise da relação arte e sociedade, no mundo tecnológico e capitalista.
Para ele a reprodução técnica destruiu a aura artística.
No passado a arte tinha como finalidade sacralizar e divinizar o mundo, daí vem sua aura.
Passou do divino ao belo sem perder a aura.
A reprodutividade técnica desfaz a aura.
A tendência é orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade.
A reprodutividade não é algo novo, mas o modo (técnico) é.
A técnica permite a arte em série: fotos, filmes, músicas.
Original e cópia não se distinguem.
As mãos foram liberadas da reprodutividade; a máquina faz e não o artista.
A obra de arte possui dois valores, o de culto e o de exposição (essa pede reprodutividade).
Pinturas paleolíticas tinham valor de culto: serem vistas pelos espíritos.
Haviam obras secretas acessíveis apenas aos sacerdotes.
Na pré-história predominava o valor de culto.
As obras se emancipam do uso ritual e passam a ser expostas.
A exposição traz novas funções a arte.
Hoje arte e técnica, ambas emancipadas, caminham juntas.
Pela técnica o nazifascismo transformou a política e a guerra em espetáculos artísticos.
Pela propaganda os nazistas buscam influenciar nas emoções e nas paixões da sociedade.
A reprodutividade técnica fica subserviente à propaganda totalitária em torno do führer.
Benjamin tem esperança que aconteça a revolução socialista, democratizando a cultura tornando a arte acessível.
A arte se tornaria direito universal deixando de ser privilégio da elite ou da religião.
Sua esperança não se concretizou. Stalin e, depois o capitalismo usarão a arte em benefício próprio e surge a Cultura de massas.
Indústria cultura e cultura de massas
Na modernidade o mundo desencanta e amadurece, a ciência supera a magia.
A arte se emancipa da religião, mas se torna posse da ideologia e do mercado capitalista.
A arte perdeu sua aura, mas não se democratizou.
A arte tornou-se produto de consumo das massas através dos meios de comunicação.
Perde suas especificidades e deixa de ser expressiva para ser reprodutiva.
A arte existe para ser vista, visitada, fruída e contemplada.
A arte tinha valor de exposição e tornou-se algo para ser consumido.
A democratização da cultura e da arte requer que todos tenham acesso a ela, mas a indústria cultural não permite, por quatro motivos.
Primeiro: cria a divisão social, obras caras e raras para a elite (culta) e as baratas e comuns à massa (inculta).
Segundo: determina o horário e o preço das obras em função do público alvo, dizendo o que se deve ler, ouvir e ver.
Terceiro: acentua a mediocridade, fortalece o senso comum, não traz novidade, devolve o que já se sabe.
Quarto: cultura se torna lazer, entretenimento, diversão, distração. O que exige reflexão crítica não vende. Massificar é banalizar.
Para Benjamin a reprodutividade técnica traria a democratização da arte;
Para Adorno a indústria cultural não divulga, mas vulgariza a arte, por dois motivos:
A) A cultura é colocada à venda com fins lucrativos. O que determina a produção cultural é a economia: agradar e atrair para vender e lucrar.
B) A produção cultural visa lançar novos produtos, usa da cultura para vender produtos.
A indústria cultural reproduz a cultura dominante e visa a permanência do sistema econômico e político-ideológico.
Anestesia a consciência e impede a formação de indivíduos autônomos com capacidade de decidir e julgar por si.
Os poderes político e econômico têm interesse em promover a indústria cultural.
É um modo de deixar a população servil evitando revoltas.
Para ambos ela é o “ópio do povo”, aliena pelo lazer e pela cultura.
Os meios de comunicação
Rádio e tv são os que mais manifestam a indústria cultura e fazem isto ao criar duas categorias: público e horário.
Os horários são definidos em função da classe social, do público alvo, da idade e do sexo.
Além do horário também o conteúdo visa determinado mercado consumidor.
Fazem isto de modo subliminar (simpático), por exemplo: petrolífera patrocina ecologia, cosméticos patrocina cultura, banco patrocina inclusão social. Visam incentivos.
(Veja TEDxSP 2009, Fábio Barbosa).
Ouvintes são desrespeitados por informações fragmentadas, parciais e tendenciosas.
O noticiário apresenta um mundo quebrado, longe e sem história e as telenovelas próximas, contínuas e históricas.
Nas novelas o tempo é lento, os personagens os mais reais possíveis, próximos do público, o enredo parece real (personagens geram comentários quando morrem).
Efeitos: Dispersão e Infantilização.
Os meios de comunicação geram dispersão e dificuldade de concentração por longo tempo: nos acostumamos com momentos de atenção e descontração.
Somos programados, pelo hábito, a nos concentrarmos de 7 a 10 minutos, e isto tem reflexo nas escolas. A capacidade de atenção vem diminuindo aos poucos.
A infantilização ocorre quando a cultura tem de agradar para poder vender.
Como infantiliza: O ser humano não consegue suportar a distância entre o desejo e a realização do desejo.
A mídia oferece satisfação instantânea: cria o desejo e já apresenta o produto.
Os meios de comunicação
A programação se ocupa com o que sabemos e apreciamos, e realiza nossos desejos sem exigir atenção e reflexão crítica (passividade).
A cultura, a arte e o pensamento exigem maturidade a mídia infantilidade.
É autoritária sob a aparência de democrática: especialistas nos ensinam a viver, criar filhos, cuidar da saúde, dos negócios, etc.
As dicas são positivas apenas aparentemente, pois nos fazem imaginar que nada sabemos e não conseguimos aprender, pensar e agir sem seguir os especialistas.
Ao invés de produzir cultura e democracia a mídia acentua a diferença de classes, invertem realidade e ficção, favorecem a dispersão, infantilizam, criam valores, nos deixam incultos e consumistas.
Cinema e televisão
O cinema é uma indústria mantida por investimentos dos anunciantes e visa lucro e consumo.
Difere da tv a qual compreende jornalismo, teatro, filmes, literatura, etc., e o cinema prioriza a imagem, o som, os movimentos e os efeitos especiais.
O cinema entrecruza realidade e ficção, verdade e fantasia, reflexão e imaginação.
Para Benjamin o cinema é a arte democrática do nosso tempo.
Pró mídia
Segundo Marshall (1911-1980), a indústria cultural e os meios de comunicação de massa atuam de maneira otimista e positiva, pois colocam os bens culturais produzidos pela humanidade ao alcance de todos.
Marshall Mcluhan introduz o termo aldeia global como metáfora da idade contemporânea. Não foca o lado ideológico da mídia, mas o modo como interfere na maneira de ser das pessoas.
Acesso rápido e fácil à informação, melhoria do padrão educacional, integração de pessoas separadas por milhares de quilômetros, aumento do fluxo de informação, de conhecimento e de entretenimento, além de diminuir as distâncias da Terra.
Mcluhan vê a tv de forma positiva, boa. Diz ele que “os homens criam as ferramentas, e a ferramentas, por sua vez, recriam os homens”.
Imparcialidade da razão
Para Pierre Bourdieu (1930-2002) a razão não é boa e nem má, em si ela é neutra, o que vai determinar o seu valor é o uso que lhe é dado; o problema está na instrumentalização da razão.
O capitalismo se apossa da razão e se utiliza dela, além da mídia e da ciência.
O problema está no desequilíbrio: 6% tem 59% dos bens. 54,7% no mundo, 44% na América Latina e 34% no Brasil são pobres ou miseráveis. 20% consome 80% (americano 350x nigeriano, 25x brasileiro).
3tri U$ aos bancos em 2008, 1% disto alimentaria 50 milhões de crianças por um ano.
25.000 pessoas por dia (a cada 11 segundos uma criança) morrem de fome no mundo.
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Um comentário:
Professor, ficou faltando colocar no Blog a parte de "Ciência e Técnica: A Razão Instrumental. Se puder acrescentar ao blog, agradeço.
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