Por mais que a filosofia seja uma disciplina abstrata, ela trata de realidades concretas, se detém em problemas que dizem respeito à vida, ao cotidiano do homem. Os filósofos, sobretudo, os gregos deram início ao filosofar na tentativa de entender o mundo e a realidade que os cercava.
Quando Aristóteles constrói seu sistema filosófico, não o faz por pura especulação ou divagação mental, mas sim para responder questões pertinentes à sociedade, à cultura e ao mundo da época.
Desta forma, também a abordagem que ele faz na Metafísica, capítulo X do livro lâmbda, é em busca de solução para um problema real, concreto e situado. Seguindo a idéia deste capítulo podemos dizer que a relação entre o conceito de substância e o conceito do bem e do mal está no fato de que tudo no universo tem o seu lugar, e de forma harmoniosa está ordenado para um único fim.
Cada coisa tem a sua própria natureza e o telos de cada uma é viver segundo esta natureza. Então qual seria a natureza do homem? Qual seria o seu telos? O homem é, por natureza, um animal racional e político, ele tem de viver segundo esta natureza, ou seja, se é um animal político tem de viver na pólis, em comunidade e não isolado; e sendo um animal racional deve fazer uso da razão.
Para que o homem possa viver na pólis, ou em sociedade, ele necessita de um sistema que estabeleça uma relação, a mais harmoniosa possível, com vistas a favorecer o bem viver. O sistema que vai estabelecer esta relação é o sistema político. Em outras palavras, o sistema político tem por finalidade estabelecer as normas que levam o homem a viver bem na cidade ocupando-se das coisas da cidade e vivendo em harmonia com seus concidadãos.
As normas que devem conduzir o homem ao bem viver, são criadas e acompanhadas pela ética e tem como intuito principal favorecer o bem e afastar o mal. E aqui entendemos o bem como o viver harmonioso, cada qual segundo a sua natureza e o mal, o seu contrário, o caos. Percebe-se claramente porque ética e política não se separavam nesta época.
Assim, podemos entender substância como sendo o quid, o substrato de cada coisa, a sua natureza, aquilo para a qual ela foi feita, aquilo para a qual ela existe, a sua finalidade. Cada ser tem sua substância, tem sua natureza, seu telos. E todos devem desempenhá-la de forma harmônica. A natureza do ser humano é viver em sociedade, fazendo uso da razão com vistas ao bem individual e coletivo. Procurar entender o mundo e transformá-lo num mundo cada vez melhor está implícito na condição racional de cada ser humano. A razão é inquieta e procura as causas últimas. É neste sentido que a filosofia se faz a ferramenta mais eficaz para o ser humano que procura viver em profundidade.
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