É preciso não confundir o amor-próprio e o
amor de si mesmo, duas paixões muito diferentes por sua natureza e por seus
efeitos. O amor de si mesmo é um sentimento natural que leva todo animal a
velar por sua própria conservação, e que, dirigido no homem pela razão e
modificado pela piedade, produz a humanidade e a virtude. O amor-próprio é
apenas um sentimento relativo, factício e nascido na sociedade, que leva cada
indivíduo a fazer mais caso de si do que de qualquer outro, que inspira aos
homens todos os males que se fazem mutuamente, e que é a verdadeira fonte da
honra.
Bem entendido isso, repito que, no nosso
estado primitivo, no verdadeiro estado de natureza, o amor-próprio não existe;
porque, cada homem em particular olhando a si mesmo como o único espectador que
o observa, como o único ser no universo que toma interesse por ele, como o
único juiz do seu próprio mérito, não é possível que um sentimento que teve
origem em comparações que ele não é capaz de fazer possa germinar em sua alma.
Pela mesma razão, esse homem não poderia ter ódio nem desejo de vingança,
paixões que só podem nascer da opinião de alguma ofensa recebida. E, como é o
desprezo ou a intenção de prejudicar, e não o mal, que constitui a ofensa,
homens que não sabem se apreciar nem se comparar podem fazer-se muitas
violências mútuas para tirar alguma vantagem, sem jamais se ofenderem
reciprocamente. Em uma palavra, cada homem, vendo seus semelhantes apenas como
veria os animais de outra espécie, pode arrebatar a presa ao mais fraco ou ceder
a sua ao mais forte, sem encarar essas rapinagens senão como acontecimentos
naturais, sem o menor movimento de insolência ou de despeito, e sem outra
paixão que a dor ou a alegria de um bom ou mau sucesso.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. Trad. Maria Ermantina Galvão. 2. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1999. p. 323-324. (Clássicos).
7 comentários:
rOUSSEAU TAVA FUMANDO BANANA QUANDO ESCREVEU ISSO PQ EU LI 50 VEZES E NAO ASSIMILEI KKKKKKKKKK
meu Deus! bem complexo esse texto, li e reli, não ficou tão claro mas deu pra perceber qual o caminho de raciocínio que ele quis percorrer. basicamente ele usou dois tipos de amar bem parecidos mas no seu intimo, bem diferentes... ele quis dizer que o amor próprio não tem grande valia quanto o amor por "si mesmo". o amor por si mesmo tem a tendência a gerar a humanidade e piedade, sentimentos e atitudes boas no relacionamento interpessoal. já o amor próprio gera grandes confusões e egoísmo no individuo, já que o amor próprio gera um bloqueio em amar o próximo e olhar o outro como não apenas como um mero mortal. oi o que eu entendi...
Como citar isso em um trabalho?
Ele usou dois tipos de amar bem parecidos mas no seu intimo ,bem diferentes.
Ele quis dizer que o amor próprio não tem grande valia quanto o amor por si mesmo.O amor por si mesmo têm a tendência a gerar a humanidade e piedade,sentimentos e atitides boas no relaciomamento interpessoal.Já o amor próprio gera grandes confusões e egoísmo nos individuos,já que o amor próprio gera um bloqueio em amar o próximo e olhar o outro como apenas um mero mortal.
Gosto de fazer um jogo de palavras que me ajuda na distinção de ambos: amor de si é o que o ser enquanto ser sente pela existência, apenas por ser
Amor próprio é aquilo que tomamos para nós, cada um por si, e portanto sendo meu e não dele está em meio social passível de comparação
Acredito que vc possa escrever entre aspas e no final colocar uma nota com o link
O amor por si mesma gera humanidade atitudes boas ,o amor proprio gera confusoes esgoismo..
O amor proprio nao tem grande valia quanto o valor por si mesma...
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